Relatório preparado pela organização de controle do tabagismo Campanha Crianças Livres do Tabaco (CTFK), lançado ontem no Brasil, mostra que está mais fácil tornar-se dependente de cigarro do que de cocaína e de heroína. A mudança, afirma o documento, é resultado de estratégia adotada pelas companhias.
Ao longo dos últimos 50 anos, os produtos passaram a apresentar um teor maior de nicotina, tiveram a inclusão em sua fórmula de amônia e açúcares, que aumentam seu efeito e tornam a fumaça mais fácil de ser inalada. O próprio formato do cigarro mudou: produtos passaram a trazer filtros com pequenos orifícios, muitas vezes imperceptíveis, que levam o fumante a aumentar o volume e a velocidade de aspiração.
Documentos reunidos no relatório mostram que os teores de nicotina dos cigarros aumentaram 14,5% entre 1999 e 2011. Pesquisadores afirmam que a amônia acrescentada ao tabaco aumenta a velocidade com que a nicotina chega ao cérebro, o que torna a sensação de prazer mais rápida e mais intensa.
De acordo com o trabalho, apesar de fumarem menos, tanto homens quanto mulheres têm um risco muito maior de desenvolver câncer de pulmão e doença pulmonar obstrutiva crônica do que em 1964, quando foi divulgado o primeiro relatório produzido pelo governo americano sobre o impacto do tabagismo na saúde.
O órgão criticou a suspensão no Brasil da resolução da Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) que proibia a adição de produtos que conferissem sabor para os cigarros.
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