O superintendente regional da Codevasf em Juazeiro (BA), Alaôr Grangeon de Siqueira, participou no dia 6 deste mês de uma reunião realizada no gabinete do prefeito Isaac Carvalho, que contou com a presença de produtores, lideranças políticas, representantes de sindicatos rurais, instituições ligadas à agricultura irrigada e do representante da prefeitura de Petrolina.
O objetivo foi discutir as conseqüências do baixo nível de água no lago artificial da barragem de Sobradinho, que devido à falta de chuvas na cabeceira do rio São Francisco, localizada no estado de Minas Gerais, encontra-se abaixo do normal, gerando expectativa de uma possível crise de abastecimento de água, principalmente para os perímetros de irrigação.
Na oportunidade o superintendente regional lembrou a todos que no ano passado técnicos da companhia realizaram um estudo onde foi detectada a possibilidade de ocorrer essa diminuição do volume de oferta de água em Sobradinho devido principalmente à falta de chuvas, e apresentaram esses dados para os produtores dos perímetros irrigados. A situação se confirmou, e agora, com a ajuda do Ministério da Integração Nacional, a Codevasf e os ribeirinhos buscam uma solução para o problema.
Segundo Ivan Pinto da Costa, presidente do Instituto da Fruta, “o lago de Sobradinho está com 16% de sua capacidade de armazenamento, e levando-se em consideração que ele baixe 0,2% ao dia o seu volume de água, daqui a 40 dias ele teoricamente estará com 8% de sua capacidade, aumentando a distância entre o leito do lago e o ponto de captação de água, e isso já está prejudicando principalmente o perímetro irrigado Nilo Coelho, em Petrolina, comprometendo a safra de final de ano, o que vai gerar prejuízos, desemprego e afetar também o comércio local”. O Nilo Coelho tem o sistema de captação de água instalado à montante de Sobradinho, e os demais perímetros captam água à jusante da barragem.
Para Ivan, uma solução emergencial seria administrar a vazão a partir da barragem de Três Marias e diminuir a saída de água de Sobradinho para manter ou elevar o nível para captação. Hoje a vazão de Sobradinho está em aproximadamente 900 m³/s, e segundo Ivan, se não forem utilizados os sistemas de captação de água através de bombas flutuantes, os demais perímetros à jusante da barragem também ficarão comprometidos até novembro deste ano.
Para o prefeito Isaac Carvalho, o momento é de união: “os produtores têm que se unir, procurar seus representantes políticos e juntos buscarmos com os órgãos competentes os recursos necessários para a resolução desse problema antes que ele se torne mais grave, afetando nossa economia e causando danos irreparáveis”. Ele fez o encaminhamento de uma agenda de compromissos e ações para que os produtores e representantes de entidades sociais se mobilizem em busca das possíveis soluções para este momento difícil.
Entre as ações previstas estão passeatas, audiência públicas, entrevistas em emissoras de rádio e televisão e paralisação de atividades em diversos setores socioeconômicos como forma de chamar a atenção do poder público para a situação.
Enquanto ocorrem esses movimentos, uma comitiva formada por produtores, empresários, representantes de sindicatos e associações e prefeitos deverá estar em Salvador e em Brasília para cobrar de deputados e senadores o apoio imediato e urgente na liberação de recursos para implantação dos sistemas flutuantes para captação de água.
Depois de encerrada a reunião, o superintendente regional Alaôr Grangeon de Siqueira e o prefeito Isaac Carvalho participaram da apresentação de um projeto de transposição de águas do rio Tocantins apresentado por Agnaldo Nunes de Almeida, produtor rural que já foi secretário de agricultura daquele estado no início desta década, e teve a oportunidade de buscar e desenvolver este projeto. Agnaldo também foi chefe do Profruta – Programa Estadual de Friticultura do Tocantins.
Na oportunidade, o superintendente Alaôr mostrou ao prefeito um projeto de transposição de águas do rio São Marcos, que divide os estados de Minas Gerais e de Goiás – entre as cidades de Paracatu e Cristalina, respectivamente. A divisa entre os dois estados fica a 40 km de Paracatu e aproximadamente a 180 km de Brasília. Essa proposta foi elaborada por técnicos da Codevasf durante a gestão do presidente da companhia, Airson Bezerra Lócio, e leva o nome de Projeto Semiárido. Ele é uma proposta de desenvolvimento sustentável da bacia do rio São Francisco e também do semiárido nordestino.