Por Alinne Torres
Fotos: Arquivo pessoal
Até o dia 16 o município de Juazeiro estará celebrando os seus 100 anos de carnaval. E em ritmo de festa, a coluna Artistas do Vale, do jornal Diário da Região, traz para você, caro leitor, a trajetória musical do cantor juazeirense Alan Cleber. Energia, animação e uma vontade imensa de levar alegria para todas as tribos, é o que Alan Cleber deixa transparecer nesta entrevista, concedida às margens do Rio São Francisco, no bairro Angari. O cantor já é presença confirmada no centenário do carnaval de Juazeiro e promete agitar o público através de letras e ritmos que vão desde o axé tradicional às músicas que relembram a época do Tropicalismo.
Diário da Região: Como a música ganhou forma na sua vida?
Alan Cleber: Sou de Juazeiro, nasci no dia 3 de fevereiro. Nunca imaginei ser cantor na minha vida. Eu fui praticamente empurrado para isso. Minha carreira artística começou no teatro impulsionada por Adonilson Souza, que me deu um personagem na época dos grandes festivais de Juazeiro. No primeiro festival Edésio Santos da Canção eu fui convidado para interpretar apenas uma música. Foi uma canção de Cássio Lucena que se chama “A travessia do Mar Vermelho”. Essa apresentação me deu a premiação de melhor intérprete. Depois eu fui convidado para fazer barzinhos com grandes músicos locais. Mais tarde Tode, que era um dos donos e diretores do bloco A Tribo, montou uma banda para mim. Era para ser apenas um show do lançamento do abadá do bloco, mas se tornou o surgimento da banda Super Pop. Era uma banda que fazia o diferencial na cidade. Fizemos uma trajetória bonita de aproximadamente dois anos. Depois disso eu passei por uma breve carreira solo com um grupo mais reduzido. Com o tempo eu fui convidado por Nelitison, na época ele trabalhava na Toca Pra Nós Dois que pertencia a Targino Gondim, e formamos a Tropis de Anis. Passei três anos nessa banda. Mas eu resolvi montar minha própria história e criei a Super Banda, uma parceria de quase quatro anos. Hoje eu estou em carreira solo com uma banda maravilhosa que conta com oito músicos no palco. São quase três anos de trabalho e no ano passado lançamos o CD que se chama Quero. O nome faz referência à minha primeira composição.
DR: Quais os ídolos que te inspiram a subir no palco?
AC: As pessoas pensam que eu sou fã dos cantores de axé, rock, pop. Mas eu não sou. Eu sou um cantor que pouco escuto aquilo que canto. Minhas inspirações são totalmente o avesso do meu palco. Um pouco eu levo da performance, mas o estilo musical é diferente. Eu sou apaixonado pelo trabalho de Ney Matogrosso, Cazuza, Maria Bethânia, Alcione. Ivete Sangalo me deixa emocionado. Outro dia fui chamado por um amigo de “Ivete Sangalo de calças” (risos). A energia dela é muito parecida com a minha. Eu não tenho muito que falar de inspirações, porque eu permeio por muitas histórias. Então, todos esses cantores(as) se unem e formam o Alan Cleber no palco e compõem toda uma performance e repertório diferenciados.
DR: O carnaval de Juazeiro esse ano completa 100 anos. Qual foi o carnaval que marcou a sua carreira?
AC: O ano de 2010 foi um carnaval que eu fiquei exausto. Foi a época em que eu estava em acessão na cidade e cantei, praticamente, todos os dias de carnaval. Foi um ano eletrizante.
DR: Qual a música de carnaval que não pode faltar nos seus shows?
AC: A música que não fica de fora dos meus shows é Eva, da banda Rádio Táxi. É uma música que me arrepia e é um pedido constante do público. Mas, eu tenho algumas superstições e uma delas é encerrar o show cantando essa música. Se ela não estiver no show ela fará falta.
DR: Quais as novidades do show de Alan Cleber para os 100 anos do carnaval de Juazeiro?
AC: Na sexta-feira (14) abrirei a noite da festa puxando a pipoca. Irei homenagear o Tropicalismo. Levarei muita cor para a avenida em um trio performático, decorado e artisticamente falando com muita luz. Dentro disso vou trazer canções dos Novos Baianos, da época de Luiz Galvão, Baby Consuelo. Pretendo fazer uma coisa meio que “Preta, Pretinha” moderna. Além da sexta, estarei na avenida no sábado (15) puxando um bloco alternativo pela primeira vez. No domingo (16) estou inserido na programação da Feijoada do Dadau e irei levar músicos inusitados, como artistas do arrocha, pagode, sertanejo universitário. É uma forma de desmistificar a ideia de que Alan Cleber é polêmico. Quero levar a cara do Alan que gosta de todos os estilos. Irei mostrar que respeito os diferentes gostos musicais.
DR: Como foram os preparativos para o carnaval?
AC: Cantando! Eu não tenho muito tempo para ensaiar, é meio complicado. É sempre show atrás de show, e foram nesses momentos que fui ensaiando o que eu poderia trazer para a avenida. Show de trio é diferente de palco. É um período longo, são quase cinco horas cantando e em polos diferenciados. Por isso tem que saber quais as músicas que serão repetidas. Não é fácil ser cantor de trio elétrico. Tem que escolher algo que levante o astral do público e fazê-lo não cansar. É preciso agradar todos os gostos do axé ao frevo. Requer muita concentração, alimentação e descanso.
DR: Quais os projetos de Alan Cleber após o carnaval?
AC: Vem muita surpresa por aí. O foco será o lançamento do DVD previsto para abril. Esse trabalho vem com um repertório que não cansa o público. Vou fazer grandes shows de teatro, espetáculos musicais. Já tenho alguns em mente e pretendo homenagear Cazuza, Ney Matogrosso e Raul Seixas. Já estou nos preparativos escolhendo cenários, repertório. Tenho também outros shows agendados como o “Foi Tudo Culpa do Amor”, que é um show brega e bastante aclamadíssimo pelas pessoas, e outros que homenagearão Maria Bethânia e o rei Roberto Carlos.
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