Por Alinne Torres
Fotos: Arquivo pessoal
A fotografia está cada dia mais acessível. E com smartphones, webcam e câmeras portáteis, além das redes sociais, que servem como uma galeria aberta, as pessoas se sentem mais confortáveis para fotografar e compartilhar sua imagem com os amigos reais e virtuais. A coluna Artistas do Vale,do Diário da Região, resolveu embarcar nesse universo fotográfico e bateu um papo com a fotógrafa juazeirense Patrícia Telles, 27 anos.
Patrícia é jornalista formada pela Universidade do Estado da Bahia (Uneb) e graduanda em Artes Visuais pela Universidade Federal do Vale do São Francisco (Univasf). Seu trabalho já vem conquistando vários espaços na região e chama a atenção pela exuberância das paisagens naturais que retratam, principalmente, as cidades de Juazeiro e Petrolina.
Diário da Região: Quando você começou a fotografar? Participou de algum curso?
Patrícia Telles: Comecei a fotografar profissionalmente em 2008, quando fiz o meu trabalho de conclusão de curso, na cidade de Remanso. O trabalho foi um documentário, mas eu fiz também, por conta própria, um trabalho fotográfico das ruínas da antiga cidade, que foi inundada pelas águas da barragem de Sobradinho. Considero esse o meu primeiro trabalho profissional. Não fiz propriamente um curso de fotografia. Mas participei de oficinas, palestras e outros eventos que me beneficiaram de alguma forma. Esse trabalho de conclusão de curso me indicou o caminho e eu estudei bastante, pesquisei muito e compartilhei muitas experiências com amigos e colegas da área. É assim que consigo aprender sobre fotografia.
DR: Qual a sua inspiração na hora de fotografar?
PT: Pra mim a fotografia é um trabalho muito gratificante, eu realmente faço por paixão. Saber que na hora do clique eu estou eternizando aquele momento e que isso será compartilhado com diversas pessoas, conhecidas ou não, é uma das coisas que me inspira. A fotografia é uma memória que deve sempre ser compartilhada, é nisso que está o seu sentido, ela deve causar algum sentimento no espectador.
DR: Qual fotógrafo te inspira a fotografar?
PT: Eu admiro bastante o trabalho de Euvaldo Macedo Filho, fotógrafo natural de Juazeiro, que infelizmente não tive a oportunidade de conhecer. Acompanho bastante também as fotografias de Sebastião Salgado, fotógrafo brasileiro reconhecido internacionalmente. Mas existem vários fotógrafos nos quais eu me inspiro. Procuro sempre conhecer trabalhos novos, inclusive de fotógrafos da nossa região, porque isso me enriquece bastante.
DR: O que você capta pelas lentes da máquina?
PT: Eu fotografo tudo. Mas, como a maioria dos fotógrafos, eu tenho um foco. As paisagens naturais, principalmente de Juazeiro e Petrolina, têm sido exploradas com frequência nos meus trabalhos, porque além de ser uma região que me oferece um rico cenário, é o lugar onde nasci e resido até hoje. Então, como juazeirense, eu procuro sempre ressaltar a importância da região através da fotografia.
DR: Como deve ser o olhar do fotógrafo?
PT: O olhar do fotógrafo é algo muito subjetivo. Mas ele precisa estar sempre atento a tudo. A sensibilidade ajuda bastante nesse olhar, porque a fotografia é também um reflexo dos sentimentos do autor. Então, o ideal é treinar sempre esse olhar e a melhor forma de fazer isso é fotografando bastante e analisando o resultado. O fotógrafo precisa ter um olhar inquieto para conseguir o resultado desejado. Quando falo de ‘olhar’ eu considero tanto a sensibilidade em perceber o que daria uma boa foto, como toda a bagagem teórica que o fotógrafo carrega para dentro da fotografia.
DR: Fotografar é um dom ou existe uma técnica?
PT: Tem um pouco de dom e também de técnica. Muitas vezes o fotógrafo já tem o dom do olhar. Em outros casos ele treina esse olhar e acaba virando um dom. O fato é que dom e técnica não sobrevivem sozinhos, eles se completam, isso é fundamental para um bom trabalho.
DR: Você é adepta às novas maneiras de fotografar como através do celular?
PT: Sim. Desde que seja feita com o mesmo cuidado com que se faz com uma câmera. O que faz a fotografia não é o equipamento, é o olhar do fotógrafo. Mas a fotografia também precisa ter o mínimo de qualidade para ser considerada como tal. Eu tenho algumas fotografias que foram feitas com o celular. Muitas vezes eu não estou com meu equipamento fotográfico e jamais perderia uma foto por conta disso. Então, utilizo a câmera do celular. Mas, voltando para o lado profissional, eu ainda não considero a fotografia feita com o celular uma boa prática. Estamos num momento em que essas discussões estão começando a aparecer e eu acredito que isso merece um pouco de atenção e estudo para se chegar a uma conclusão.
DR: Você utiliza algum tratamento na foto, por exemplo, photoshop?
PT: Sim. Por mais que o fotógrafo se esforce, o controle da luz muitas vezes não sai como se deseja. Então isso pode ser facilmente resolvido no photoshop. Eu utilizo o programa para ajustes de cor, contraste, brilho. Levando em conta que a fotografia não é um simples clicar, que ela merece também o devido tratamento, eu considero o photoshop um programa que auxilia o fotógrafo a dar o acabamento final à foto.
DR: Como é o mercado para a mulher que fotografa?
PT: A mulher tem se destacado bastante nessa área e acredito que daqui a pouco tempo teremos muitas mulheres exercendo a função. Na região ainda vemos poucas trabalhando como fotógrafas, porque até bem pouco tempo atrás era um profissão mais voltada para o homem. Mas aos poucos estamos ganhando espaço e mostrando que é uma profissão para quem tem paixão.
DR: Como é a utilização da fotografia profissional na região? Tem muitos adeptos? Dá para ganhar renda no final do mês?
PT: As pessoas têm se interessado cada vez mais pela fotografia e o mercado está se expandindo. Infelizmente, até o momento, minhas produções fotográficas são mais valorizadas fora da região, em termos de venda. Tenho vendido alguns trabalhos para jornais e editoras nacionais. Mas por aqui isso ainda é um pouco limitado.
DR: Você já participou de alguma exposição? Pretende realizar algo neste sentido?
PT: Sim. Participei de exposições coletivas, como algumas realizadas pelo grupo Jornadas Fotográficas do Vale do São Francisco e também pela Universidade Federal do Vale do São Francisco, na Semana Universitária de Artes (SUA). Este ano estou com alguns projetos na área da fotografia e uma exposição exclusivamente minha está sendo planejada.
DR: Como as pessoas podem ter acesso ao seu material?
PT: Tenho uma fanpage no facebook (Patrícia Telles Fotografias -https://www.facebook.com/patriciatellesfotografias). Tenho também um blog, mas não atualizo como a fanpage (www.photoolhar.blogspot.com).
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