Por Alinne Torres
Fotos: Caio Alves
A Coluna dos Artistas, do Jornal Diário da Região, desta semana, traz à tona o trabalho de vários artesãos que compõem a Oficina do Artesão Mestre Quincas, situada na cidade de Petrolina. A Oficina foi fundada em 1989 e recebe o nome de um dos primeiros artesãos de Petrolina, o Joaquim Correia Lima, conhecido pela comunidade ribeirinha como Mestre Quincas.
Mestre Quincas nasceu em Juazeiro no ano de 1895. Frequentou a Escola de Belas Artes de Salvador e destacou-se em Petrolina quando foi chefe de pintura da Leste Brasileira, empresa de capital franco-belga que explorava as principais linhas férreas do Estado da Bahia. Nesta época executou trabalhos importantes na Estação Ferroviária de Petrolina e em outros locais da cidade. Morreu aos 40 anos afogado no Rio São Francisco.
A Oficina do Artesão Mestre Quincas integra os pontos turísticos de Petrolina e no espaço é possível conferir diversos artigos feitos em madeira, pedra, barro e tecidos. Para contar um pouco mais sobre essa organização o jornal Diário da Região entrevistou a coordenadora da Oficina, Célia Barros.
Diário da Região: Como surgiu a Oficina do Artesão Mestre Quincas?
Célia Barros: Os artesãos de Petrolina e região precisavam de um espaço que servisse de exposição e divulgação dos seus trabalhos. Em 1989, quarenta artesãos se uniram e fundaram a Oficina do Artesão Mestre Quincas. São 25 anos de trabalho no Vale do São Francisco e atualmente temos 42 artistas que trabalham e colaboram com a Oficina. Esses profissionais são oriundos de diversas cidades próximas à Petrolina como: Juazeiro, Sento Sé, Remanso, Lagoa Grande, entre outras.
DR: Quais são as peças que a população pode encontrar na Oficina?
CB: Aqui as pessoas podem conferir vários objetos como peças de madeiras, que são carrancas, animais, aves, sanfonas, corujas, santos; peças em tecido, toalhas, panos de prato, colchas em retalho, bolsas; pinturas em tela; e esculturas em diversos formatos.
DR: É uma variedade de objetos que a Oficina do Artesão oferece a comunidade. Mas, qual a mensagem que o grupo quer passar para as pessoas?
CB: Nós queremos tornar visível o folclore da região do Vale do São Francisco, bem como o cotidiano do Sertão Nordestino. Essas obras podem ser apreciadas também em nossa página no Facebook (https://www.facebook.com/OficinaDoArtesaoPetrolinaPe) e nas feiras de artesanato e arte que acontecem em Belo Horizonte, Recife, Brasília, Petrolina e demais cidades brasileiras.
DR: Célia você também é artesã e tem trabalhos expostos na Oficina. Como acontece esse processo de criação tendo como material a madeira, a pedra, o tecido?
CB: O trabalho de criação é fácil, porque quando se é artista existe a necessidade de expor essa visão artística para outras pessoas. Meu primeiro trabalho como artesã foi com sucatas. Reaproveitamento de um material que seria jogado fora. Eu trabalhava em uma secretaria de Educação e precisavam de uma decoração para uma sala, mas não tinha material. Então eu fui procurar nas caixas o que tinha para ser jogado fora e o transformei em arte. Sou artesã há 30 anos. Atualmente trabalho com papel machê, sementes e também desenho.
DR: Como as peças da Oficina do Artesão são comercializadas?
CB: As peças são vendidas aqui mesmo na sede e também em locais escolhidos pelo próprio artesão. Na Oficina recebemos encomendas também e o público pode conferir o momento da criação da obra, já que muitos artesãos trabalham aqui diariamente.
DR: Ao longo desses 25 anos de fundação, como tem sido a aceitação do público da região em relação aos trabalhos desenvolvidos na Oficina?
CB: Aqui em Petrolina muitas pessoas ainda não conhecem o material artístico produzido pela Oficina do Artesão. Agora, o artesanato produzido aqui é bem aceito lá fora, em outras cidades. Os turistas que chegam à Petrolina compram muitas obras.
DR: Célia, na sua opinião, faltam investimentos por parte do poder público ou até mesmo incentivos, para os trabalhos feitos na Oficina do Artesão?
CB: Com certeza. A procura e o número de visitantes que chegam aqui é muito grande. São pessoas do mundo todo nos visitam e desde o ano passado as escolas também passaram a visitar a Oficina. Gostaríamos que a cultura e a arte fossem mais valorizadas. Faltam melhorias na estrutura do prédio para atender melhor as pessoas.
DR: Como os artesãos podem participar da Oficina?
CB: Para participar é simples. Basta que o artesão apresente uma peça da sua autoria e faça uma inscrição na recepção da Oficina. A partir disso o artesão colocará suas peças a venda e começa a participar da Associação dos Artesãos, caso tenha interesse. A inscrição é gratuita, mas o profissional pagará uma taxa equivalente a 5% do valor obtido com as vendas. A taxa é para manutenção do prédio.
DR: Qual o horário de funcionamento da Oficina do Artesão?
CB: A Oficina do Artesão Mestre Quincas está localizada na Avenida Cardoso de Sá, s/n, Vila Eduardo. O prédio é aberto de segunda a sexta-feira das 8h às 18h. Aos sábados a de 7h às 17h, e aos domingos de 8h as 12h.
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