A retomada da greve dos professores estaduais fez o Governo de Pernambuco suspender oacordo que pôs fim à última manifestação desse tipo da categoria, encerrada em 5 de maio, após 24 dias de paralisação. A decisão foi divulgada em nota na noite de quinta-feira (21), horas depois da assembleia em que os docentes decidiram voltar ao estado de greve na próxima sexta (29). Mas, segundo o Sindicato dos Trabalhadores de Educação em Pernambuco (Sintepe), a categoria ainda não foi notificada da suspensão.
“A partir da decisão de retomar a paralisação, o Governo do Estado retira a referida proposta apresentada na última reunião com a categoria, realizada ontem [quarta] (20), e suspende imediatamente todos os pontos já acordados anteriormente”, diz a nota enviada pelo governo. O documento ainda afirma que a decisão dos professores foi recebida com surpresa e sugere que essa opção fez com que a categoria rejeitasse o acordo estabelecido após oito rodadas de negociação entre abril e maio. “O Governo de Pernambuco recebeu com surpresa a decisão comunicada pelo Sintepe à Secretaria de Administração, na tarde dessa quinta-feira (21), rejeitando a proposta construída conjuntamente em mesa de negociação, após oito reuniões”, afirma a nota.
A proposta, anunciada no último dia 4 com a suspensão da greve, determinava que os dias de paralisação não seriam descontados do salário dos docentes. O acordo também garantia que os professores temporários não seriam prejudicados pela adesão ao movimento e que 15 docentes seriam transferidos para escolas de referência. Agora, no entanto, o corte do ponto dos 24 dias de greve voltará a ser feito. As outras propostas também foram perdidas. No entanto, segundo o Sintepe, a decisão não foi repassada oficialmente para o sindicato até a manhã desta sexta (22). Os professores dizem que tomaram conhecimento da suspensão por meio da imprensa e só devem se pronunciar sobre o fato quando forem notificados pelo governo.
Na quinta, a Secretaria de Educação do estado também enviou uma nota à imprensa se dizendo surpresa com a decisão dos professores, a qual prejudicaria alunos e famílias. “A Secretaria de Educação de Pernambuco lamenta a decisão tomada pela categoria de profissionais da educação em assembleia, nesta quinta-feira (21), em não aprovar proposta construída mediante diálogo na mesa de negociação. Decisão esta que prejudica a educação, os estudantes e suas famílias”, diz o posicionamento.
Durante a assembleia realizada na quinta no Recife, o presidente do Sindicato dos Trabalhadores de Educação em Pernambuco (Sintepe), Fernando Melo, explicou que a decisão de retomar a greve foi tomada porque a negociação sobre o reajuste salarial não avançou. O Sintepe pede um incremento de 13,01% nos salários de todos os quase 50 mil profissionais do estado. No entanto, o governo oferece desde o início do ano um aumento de 7,01% para professores e de 6,12% para analistas e o quadro administrativo.
Após o fim da greve no início do mês, governo e professores realizaram mais duas rodadas de negociação. Na última delas, na quarta (20), além do reajuste, o governo propôs aumentar o vale-refeição para os profissionais que cumprem carga de 200 horas-aula, dar uma gratificação àqueles que atuam em presídios e abrir concurso ainda em 2015. Mesmo assim, os docentes continuam pedindo que o governador Paulo Câmara cumpra sua promessa de campanha de oferecer um reajuste de 100% para a categoria.
Fonte: Portal G1 PE