Como Nossos Pais” foi o grande vencedor da 45ª edição do Festival de Cinema de Gramado, realizado na Serra do Rio Grande do Sul. A cerimônia de premiação ocorreu na noite deste sábado (26), no Palácio dos Festivais.
O longa-metragem conquistou seis Kikitos, entre eles melhor filme, direção, ator e atriz, além de atriz coadjuvante.
O momento político do país inspirou muitos discursos dos vencedores. Houve críticas ao presidente Michel Temer, ao veto dele à renovação da Lei do Audiovisual, que motivou uma carta assinada em Gramado, e à extinção de uma reserva na Amazônia. Também ocorreram manifestações de defesa e pedidos de respeito às mulheres, aos negros e aos transsexuais e transgêneros.
“Eu quero dividir com todas as mulheres do cinema brasileiro esse Kikito que vou guardar para sempre com muito carinho”, discursou a cineasta Laís Bodanzky, ao receber a estatueta. Ela citou uma pesquisa da Agência Nacional de Cinema (Ancine) que aponta que as mulheres ocupam apenas 15% dos cargos de direção e roteiro nas produções nacionais.
“Eu tenho muito orgulho de estar aqui, como cineasta e como mulher. Eu queria destacar que essa pesquisa da Ancine mostra ainda que não há mulheres negras nessas posições. Elas não estão no espaço do discurso. Acho que essa é a nossa nova fronteira que a gente vai descobrir, e vai se alimentar de histórias incríveis que elas vão contar, pois elas já estão no curta-metragem estão chegando”, incentivou.
Sem surpresa e muito aplaudida, Maria Ribeiro foi eleita melhor atriz pelo papel da protagonista da trama de Laís, Rosa.
Colega de cena, Paulo Vilhena também foi reconhecido pela interpretação de Dado. No discurso, ele aproveitou para criticar o governo federal.
“O cara que está lá representando a gente querer nos prejudicar, vá lá, entendemos. Somos adultos e crescidos. Agora ele querer prejudicar nossos filhos e netos, acho que vale nosso pensamento de atitude. Fora Temer e viva a Amazônia”, disse.
“As Duas Irenes”, de Fábio Meira, também saiu vitorioso: melhor roteiro, ator coadjuvante para Marco Ricca, direção de arte e Prêmio da Crítica. “Bio”, de Carlos Gerbase, foi reconhecido pelos jurados, com os troféus do Júri Popular e Prêmio Especial do Júri.




