A possibilidade de consumir e comercializar produtos orgânicos irrigados com água de chuva ao tempo em que fortalece a união da comunidade é uma realidade na comunidade Fundo de Pasto de Varjota, no interior do município de Abaré, no sertão da Bahia. Beterraba, quiabo, pimentão, cenoura, coentro, alface, cebolinha, couve e pepino são os atuais alimentos cultivados na Horta Comunitária implantada na comunidade a partir do Projeto Mais Água, executado pelo Irpaa.
O trabalho coletivo teve início no dia 20 de setembro de 2014 e hoje, um ano depois, a comunidade contabiliza três safras colhidas, cujos produtos contribuem com a melhoria da alimentação das sete famílias horticultoras e da vizinhança e com a geração de renda paras as famílias que levam para a feira o excedente. Um barreiro trincheira comunitário construído para armazenar água da chuva é a tecnologia que possibilita a irrigação dos canteiros, o que é feita por sistema de gotejamento, com vistas a economia de água.
O presidente da Associação da comunidade, José Francisco Dias dos Santos, conta que a ideia surgiu a partir de uma visita à Horta Comunitária Povo Unido, situada no bairro João Paulo II, em Juazeiro, durante Intercâmbio promovido pelo Irpaa. Ao retornarem, ele e mais um beneficiário do projeto apresentaram a proposta às demais famílias que, contando com assessoria técnica do Irpaa, implantaram a horta. Parte dos materiais para construção da Horta já fazem parte do projeto e os demais foram adquiridos com apoio da Associação e das próprias famílias, conta o presidente.
A importância de ter na mesa produtos sem veneno é uma das principais vantagens destacadas pela agricultora Maria Auxiliadora Ribeiro que afirma ser grande a procura pelos produtos. Atualmente, até mesmo as folhas de algumas hortaliças como beterraba e cenoura vem sendo procuradas pelos consumidores para usar em pratos como farofas servidas com acompanhamentos.
“O objetivo é de vender para o estado e para o município também, que é pra melhorar a renda dessas famílias. É um produto de qualidade… vender nas escolas, nos hospitais, as metas são essas”, declara José Francisco. Para o líder comunitário, esta experiência só confirma a viabilidade dessas tecnologias para o Semiárido: “a prova tá aí, de um barreiro a gente formar uma horta tão importante, é viável sim esses projetos dentro do Semiárido”, argumenta.
A Associação vem buscando formas de acessar programas e projetos que viabilizem a ação produtiva na comunidade. No momento vão se inscrever nos editais do governo da Bahia voltados para a agricultura familiar e já deu entrada no pedido de certificação enquanto comunidade tradicional Fundo de Pasto, tendo recebido recentemente visita da Secretaria de Promoção da Igualdade Racial – Sepromi.
O Projeto Mais Água foi executado pelo Irpaa, através da Secretaria de Desenvolvimento Social da Bahia, no município de Abaré entre os anos de 2013 e 2014, contemplando 09 comunidades indígenas, 05 comunidades quilombolas e 10 comunidades de Fundo de Pasto, beneficiando diretamente uma média de 150 famílias.
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