Parece que as estratégias do grupo de manifestantes ‘O Vale Acordou’ mudaram. As caminhadas que antes eram marcadas por tranquilidade e organização agora estão mais tumultuadas e provocativas. Na manifestação de ontem (03), um grupo decidiu tentar invadir a Ilha do Fogo, que fica localizada ao lado de uma parte da Ponte Presidente Dutra, e ateou fogo no portão do local que agora está sob a administração do Exército.
O batalhão pediu que o grupo acalmasse os ânimos, mas o pedido não foi acatado. Foi até mesmo necessário jogar gás lacrimogêneo. Alguns manifestantes balançavam as grades da ilha sob o coro “A Ilha do Fogo é do povo!”.
A situação também se complicou para quem trabalha ou estuda na cidade vizinha. Os manifestantes permitiram apenas a passagem de ambulâncias e similares sob a pena de obrigarem a descer dos veículos e retornarem as pessoas que tentaram “furar” o bloqueio humano enquanto gritavam em grupo “Vai de barquinha! Vai de barquinha!”.
Antes mesmo da chegada dos manifestantes, a polícia e guardas de trânsito se organizavam para tentar tranquilizar a situação. Até o fechamento desta edição, alguns manifestantes permaneciam na ponte e afirmaram ao Diário da Região que passariam a noite no local e não havia horário para terminar a manifestação. Os manifestantes levaram barracas, colchões, comida, repelentes, travesseiros e muito ânimo para lutar pelos seus direitos. Vale lembrar que na segunda manifestação houve a prisão de duas pessoas.
Representantes do grupo, antes da manifestação, afirmaram que “o caráter deste terceiro ato do movimento, assim como ocorreu nos dois primeiros atos, é inteiramente pacífico, não sendo necessário o uso de força por parte da polícia. Qualquer ato de violência ou depredação ao patrimônio público é completamente repudiado pelo movimento”. Fica a interrogação se as pessoas que tentaram invadir a ilha fazem, realmente, parte do grupo.
Confira principais reivindicações dos manifestantes:
– Redução das tarifas de transporte público;
– Adequação do itinerário e horário à utilidade pública com a inserção de horários no período da madrugada;
– Meia tarifa aos domingos;
– Abertura das contas à população;
– Renovação e aumento das frotas de ônibus;
– Reativação dos Conselhos Municipais de Transporte;
– Abertura de licitação para concessão de operação de transporte coletivo (fim do monopólio);
– Ônibus direcionados às universidades, IFs e zona rural dos municípios;
– Criação de terminais integrados;
– Melhores condições de trabalho e garantia dos direitos trabalhistas dos empregados e ex-empregados das empresas;
– Barquinhas (meia entrada estudantil e acesso à Univasf e Uneb);
– Criação de ciclovias.
Por Gabriela Canário