Cristina Kirchner, que não aparecia em público havia 33 dias e não falava desde 10 de dezembro, quebrou o silêncio na noite desta quarta-feira.
A presidente fez três discursos em momentos e lugares diferentes dentro da Casa Rosada, durante o lançamento de um programa social que dará 600 pesos mensais a jovens desempregados ou com emprego informal, para que eles terminem os estudos ou iniciem uma faculdade.
Ela criticou os meios de comunicação e seus opositores e comentou as especulações de que estaria com problemas de saúde, o que faria com que não viajasse para a Celac, em Havana, nos próximos dias.
“Querem criar nos argentinos a sensação de que eu já não podia mais”, afirmou. “A verdade é que tenho tido algumas dificuldades, mas queria ver se quem tivesse passado pela mesma coisa teria conseguido governar para 40 milhões de argentinos.” E confirmou que participará do encontro em Cuba.
A mandatária não comentou nenhum dos problemas econômicos atuais, como a desvalorização do peso e a inflação.
Cristina ironizou as reportagens dos jornais criticando sua ausência, com títulos dizendo “Cristina reaparece”. “Acho que é um ato falho. O que é o contrário de reaparecer? Desaparecer, não?”, perguntou a Hebe de Bonafini e Estela de Carlotto, respectivamente mãe e avó da praça de Maio, sugerindo que o termo desaparecer remete à ditadura.
Mais uma vez se referindo à mídia, falou: “Está chateando um regime de pleno emprego. Chateia a alta participação dos salários no PIB”.
Depois disse que não entendia as pesquisas e que alguém deveria estar mentindo. “Quando eu falava muito, as pesquisas diziam que eu devia falar menos. Se deixo de falar, querem que eu fale mais. Ou mentiam antes, ou mentiam agora, ou mentem sempre, que é o que eu acho.”
Folha de S. Paulo