A cunhada do tesoureiro afastado do Partido dos Trabalhadores (PT) João Vaccari Neto, Marice Correa de Lima, é considerada foragida a partir desta quinta-feira (16). A informação foi confirmada ao G1 pela Polícia Federal (PF) nesta manhã. Marice teve um mandado de prisão temporária expedido na quarta-feira (15) quando foi deflagrada a 12ª fase da Operação Lava Jato. Vaccari Neto foi preso na casa dele em São Paulo e já está na carceragem da PF.
O mandado de prisão temporária tem prazo de cinco dias e pode ser prorrogado pelo mesmo período. A data passa a valer a partir da prisão. Durante a operação, a PF também cumpriu um mandado de busca e apreensão na casa de Marice e apreendeu vários documentos.
Vaccari foi denunciado pelo Ministério Público Federal por ser suspeito de participar de reuniões com o ex-diretor de Serviços da Petrobras Renato Duque para tratar de pagamentos de propina, que era paga por meio de doações oficiais de empreiteiras ao PT.
O MPF aponta que foram 24 doações em 18 meses, no valor de R$ 4,260 milhões. Contudo, tanto a Polícia Federal, quanto o MPF dizem não ser possível afirmar quanto foi de fato foi doado e quanto foi arrecada de forma ilícita.
De acordo com as investigações do Ministério Público Federal (MPF), Marice é suspeita de ser destinatária do dinheiro do esquema de corrupção. Ela teria adquirido um apartamento por R$ 200 mil e o vendido para a empresa OAS por R$ 400 mil, conforme as investigações. Este mesmo imóvel, teria sido vendido pela empreiteira por um valor menor. “Aparentemente é uma operação típica de lavagem de dinheiro”, disse o Ministério Público Federal Carlos Fernando dos Santos Lima.
Logo após chegar na carceragem, em Curitiba, Vaccari foi encaminhado ao Instituto Médico-Legal (IML) para fazer o exame de Corpo de Delito.
Contra a esposa dele, Giselda Rousie de Lima, havia um mandado de condução coercitiva. Ela foi ouvida em casa. De acordo com a Polícia Federal, o depoimento não foi proveitoso, ou seja, nada acrescentou à investigação.
A Operação Lava Jato foi deflagrada pela PF em março e 2014 e investiga um esquema bilionário de lavagem de dinheiro e evasão de divisas. A última fase da operação foi deflagrada na última sexta-feira (10) e prendeu sete pessoas. Entre elas três ex-deputados federais: André Vargas, Luiz Argôlo (SDD-BA) e Pedro Corrêa (PP-PE). A PF informou que eles vão prestar depoimento a partir desta quinta-feira.
Papel semelhante ao de Youssef
Em entrevista coletiva, a PF informou que Vaccari é suspeito de ter papel semelhante ao do doleiro Alberto Youssef no esquema de corrupção, desvio e lavagem de dinheiro na Estatal. Desde que surgiram as denúncias, no ano passado, Vaccari tem negado a participação dele e de familiares no esquema.
De acordo com as investigações, o tesoureiro preso está envolvido nos crimes de desvio de dinheiro na Petrobras, possivelmente, desde 2004. A polícia afirmou que a reiteração de práticas criminosas por parte do tesoureiro tem tom de desafio às instituições e de desrespeito à Justiça.
Ao chegar em Curitiba, Vaccari entrou pela porta principal da Polícia Federal em um carro escoltado pelos policiais. Como o mandado contra ele é de prisão preventiva, não há prazo para expirar. Até esta quinta-feira não havia data definida para o depoimento dele.
Afastamento
Também na quarta, o PT informou por meio de nota que o tesoureiro do partido, João Vaccari Neto, solicitou afastamento da Secretaria Nacional de Finanças da legenda.
A nota, assinada pelo presidente do PT, Rui Falcão, informa que Vaccari pediu afastamento por questões “práticas e legais” e manifesta “solidariedade” ao tesoureiro, preso pela Polícia Federal durante a 12ª fase da Operação Lava Jato sob suspeita de receber propina em esquema de corrupção na Petrobras. Vaccari sempre negou as acusações.
De acordo com assessoria de imprensa do PT, as razões “práticas” para o afastamento são a impossibilidade de Vaccari exercer suas tarefas na Secretaria de Finanças do partido do partido enquanto está preso.
Fonte: Portal G1