A presidente Dilma Rousseff afirmou nesta quinta-feira (9) em Parnamirim, no interior de Pernambuco, que ficou “estarrecida” com as negociações para ações de vandalismo por parte de policiais militares em greve desde 31 de janeiro na Bahia.
“Fiquei estarrecida ontem [quarta] quando vi gravações em uma televisão, a TV Globo, sobre o fato de que há outros interesses envolvendo a paralisação. Isso não é correto”, afirmou a presidente durante visita às obras da rodovia Transnordestina.
O Jornal Nacional exibiu na noite de quarta (9) conversas gravadas com autorização judicial nas quais grevistas falam em queimar carretas e bloquear uma rodovia. As gravações mostram também articulações para que a paralisação se estenda ao Rio de Janeiro, a São Paulo e outros estados. Os PMs envolvidos negam participação em ações violentas.
Nesta manhã, no dia seguinte à divulgação dos áudios, o prédio da Assembleia Legislativa da Bahia, em Salvador, foi desocupado por manifestantes que estavam no local desde 31 de janeiro. O ex-policial militar Marco Prisco, considerado líder do movimento, e o policial Antônio Angelim deixaram a Assembleia presos.
Prisco foi flagrado nas escutas realizadas pela Polícia Federal. Tanto ele quanto Angelim estavam na lista dos 12 integrantes do movimento grevista na Bahia que eram alvo de mandados de prisão. Até esta manhã, cinco foram presos.
Críticas da presidente
Durante a visita ao interior de Pernambuco, Dilma condenou a forma como os líderes da greve conduziram a paralisação na Bahia. “Hoje, o Brasil tem uma visão de garantia da lei e da ordem moderna. Nós não consideramos que seja correto instaurar o pânico, o medo, criar situações que não são aquelas compatíveis numa democracia. Você sempre tem que considerar legítimas as reinvidicações. Há formas de reivindicar. Eu não considero que o aumento de homicídio na rua, queima de ônibus, seja uma forma correta de conduzir o movimento”, declarou.
A presidente também afirmou ser contra conceder anistia para grevistas que cometeram atos ilícitos. Perguntada sobre se seria favorável à anistia, ela afirmou:
“Eu considero que não é possível esse tipo de prática. Vai chegar um momento que vão anistiar antes mesmo de o processo grevista começar. Se houver manifestação, não deve ser condenada. Mas atos ilícitos não podem ser anistiados. Se anistiar, vira um país sem regra. (…) Acho que você tem que respeitar democraticamente. Não concordo com processos de anistia que parecem sancionar o ferimento da legalidade.”
Suporte federal
De acordo com a presidente, o governo federal participou “ativamente” de todas as operações nas quais o Exército atuou com a Força Nacional de Segurança, como acontece na Bahia. Segundo ela, o governo continuará a dar suporte aos governadores quando eles solicitarem.
“O governo federal prontamente vai agir em apoio aos governadores sempre quando eles peçam. Não podemos entrar sem a solicitação do governo. Em os governos solicitando, como ocorreu no Maranhão, no Ceará, nós teremos a presença garantida do governo federal”, afirmou.
A presidente afirmou ainda aguardar com “expectativa” o fim da greve dos policiais militares na Bahia. Nesta quinta (9), os grevistas que ocupavam a Assembleia Legislativa da Bahia deixaram o prédio e passaram a discutir o fim do movimento.
“Estamos num momento especial do Brasil. É importante que, mais uma vez, formas democráticas de solução desse tipo de conflito sejam aquelas que de fato vão ser implementadas”, disse.