Apontada pela polícia como a maior traficante da Bahia, Jasiane Silva Teixeira, a Dona Maria, 31, acusada de dezenas homicídios, roubos, corrupção de menores, falsidade ideológica, entre outros crimes, foi transferida para o Conjunto Penal de Juazeiro, na tarde desta quarta-feira(2).
A operação de transferência da detenta contou com nove viaturas e um forte esquema de segurança, segundo informou uma fonte ao Preto No Branco.
Jasiane estava foragida há cerca de 4 anos, e foi presa na última quarta-feira (25), em Mogi das Cruzes (SP), em uma operação especial realizada por policiais baianos do Draco (Departamento de Repressão e Combate ao Crime Organizado), do Depin (Departamento de Polícia do Interior) e das inteligências da Polícia Civil e da SSP (Secretaria da Segurança Pública) daquele estado.
Após a prisão, ela foi transferida para Salvador e desembarcou na sexta (27), sob forte esquema de segurança, quando usava algemas nas mãos e nos pés, além de ter os olhos vendados.
Na mesma operação foi preso Márcio Faria dos Santos, vulgo Carioca, acusado de tráfico e considerado braço financeiro do PCC (Primeiro Comando da Capital) na zona leste da capital paulista. Segundo a polícia, Márcio seria o atual namorado de Jasiane.
Numa entrevista, Jasiane chorou diante das câmeras e disse ser inocente.
“Eu quero dizer que isso é simplesmente holofote em cima de mim. Sou uma simples mulher, como outra qualquer, e me deram uma fama da qual eu desconheço. Isso para mim é tudo novo”, afirmou.
Jasiane disse também que estava surpresa com sua prisão e afirmou desconhecer as acusações que recaem sobre ela, a exemplo da suposta vida de luxo que mantinha.
Ela também negou o relacionamento com o integrante do PCC e disse a polícia que o homem com o qual estava quando foi presa era um conhecido com quem pegou carona. Jasiane disse ainda que estava São Paulo para visitar uma das filhas.
A “Dona Maria” prometeu escrever um livro sobre sua história.
“Eu sou um ser humano qualquer, mãe, e sei que Deus tem um plano muito grande na vida. Inclusive, eu vou escrever um livro. Alguma editora que quiser. Se você tem uma oportunidade, pegue os limões e faça uma limonada”, completou.

A “Dama de Copas” do Crime
Natural de Vitória da Conquista (distante 527 km de Salvador), Jasiane iniciou sua incursão no mundo crime em 2008, quando foi presa com o então marido Bruno de Jesus Camilo, o Pezão, sob suspeita de tráfico de drogas e porte ilegal de arma de fogo.
Em 2009, a Justiça concedeu a ela o benefício da liberdade provisória. Pouco tempo depois de sair da cadeia, ela foi acusada de participar da execução de um agente penitenciário em Jequié, no sudoeste baiano. Conforme investigação policial, o crime atendeu a um pedido de Pezão, que, no ano seguinte, também deixaria o cárcere provisoriamente.
À época, o casal passou a viver no município de Santa Cruz Cabrália, no sul da Bahia. Ali, segundo investigações, continuou a traficar drogas até 2014, ano em que Pezão acabou morto em um confronto com policiais.
Jasiane, por sua vez, conseguiu escapar ilesa. Viúva, teria assumido a liderança da quadrilha até então comandada pelo marido e, em sua homenagem, batizou o grupo criminoso de Bonde do Neguinho. Foi quado passou a figurar como a “Dama de Copas” do chamado Baralho do Crime da SSP baiana – ferramenta que reúne os criminosos mais procurados do estado.
Avião com cocaína e compra de fuzis
Segundo investigações, após a morte de Pezão, Jasiane aliou-se com integrantes de grupos criminosos do Rio de Janeiro e passou a comandar a distribuição de drogas no sudoeste baiano, em cidades como Jequié e Vitória da Conquista, para estados do Sudeste, como Minas Gerais, Rio de Janeiro e São Paulo.
Conforme as investigações, ela também intermediava a compra de armamentos pesados como fuzis e granadas para os grupos que chefiava.
Em outubro do ano passado, policiais civis de Vitória da Conquista interceptaram um avião que transportava uma carga de cocaína pura sob suspeita de operar sob o comando de Jasiane. Segundo a polícia, a aeronave era usada para trazer drogas e armas da Bolívia, Venezuela, Colômbia e Peru.
“A aeronave pertencia a Dona Maria (apelidado dado a Jasiane) e era utilizada em vôos internacionais para comércio de entorpecentes. Estamos trabalhando para prendermos o segundo escalão”, afirmou em entrevista o delegado Marcelo Sansão, diretor do Draco.
“Dona Maria” mudava de cidades com frequência e bancava família
O delegado Marcelo Sansão informou que Jasiane movimentava expressivo montante em dinheiro com a atividade criminosa. Assim, conseguia se manter em fuga, mudando-se para diferentes cidades do país. De acordo com ele, ela portava sempre documentos falsos a fim de se passar como inocente, embora não deixasse de lado a vida de luxo, com roupas de grife.
E, mesmo a distância, assegurava financeiramente a criação de duas filhas de 4 e 10 anos, que vivem com terceiros. Também pagava as mensalidades da faculdade de medicina de uma prima que mora no Rio de Janeiro.
Seja onde estivesse, Jasiane também ordenava as movimentações financeiras de atividade criminosa na Bahia. Questionado, o delegado Marcelo Sansão não detalhou sobre o possível rendimento da suspeita nem em quanto os seus bens estão avaliados atualmente.
Blog Geraldo José com informações Uol






