As pesquisas eleitorais deste fim de semana, ainda que muito antecipadas (as eleições serão daqui a 18 meses), mostram uma espetacular zona de conforto da presidente Dilma Rousseff na corrida presidencial do ano que vem. Ela tem 58% das intenções de votos, segundo o Datafolha, e um potencial de votos de 76% conforme o Ibope (eleitores que declaram voto nela e os que admitem poder votar nela). A grande diferença, no entanto, é que, ao contrário de 2010, Dilma poderá ser candidata sem padrinho. O desempenho de seu governo poderá ser, até aqui, seu principal cabo eleitoral.
A pesquisa CNI-Ibope, divulgada no começo da semana, já mostrava Dilma com altíssima aprovação pessoal (79% aprovam o seu jeito de governar) e ainda boa aprovação do conjunto do governo, de 63% – índice superior ao da intenção de voto apontada pelo Datafolha.
O resultado da pesquisa Datafolha mostra, ainda, que Marina Silva é hoje detentora pessoal de um formidável contingente de apoiadores: a pesquisa mostra que ela tem hoje 16% de intenção de votos, o que a coloca como o principal nome em oposição a Dilma Rousseff. Ela obteve quase 20 milhões de votos nas eleições de 2010, quando disputou a eleição pelo PV. Agora, mesmo sem a legenda, e ainda tentando formar um novo partido, Marina aparece com importante capital eleitoral.
Dois nomes da oposição – Aécio Neves (PSDB) e Eduardo Campos (PSB) – estão em trajetórias diferentes, segundo o Datafolha. Aécio perdeu dois pontos percentuais em relação a dezembro, caiu de 12% para 10% das intenções de votos; enquanto Eduardo Campos subiu de 4% para 6% das intenções de votos, o que faz crer ser um contingente de eleitores de oposição ao atual governo que migrou do PSDB para o PSB. Os dois, no entanto, vão precisar avançar por meio do sistema tradicional, conquistando partidos que lhes garanta tempo de televisão para apresentar suas candidaturas. Nesse quesito, no entanto, é Dilma quem leva vantagem pois tem argumentos importantes para atrair partidos a seu palanque: é governo e tem o que entregar aos aliados – e a dianteira nas pesquisas é importante catalisador de apoios.
Marina Silva tem conseguido manter sua candidatura, aliás bem à frente dos dois (ela aparece exatamente como a soma das intenções de votos dos dois), recorrendo a ferramenta diferente – utilizando as redes sociais, e não a estrutura tradicional dos partidos políticos.
por Cristiana Lôbo, Jornalista e Comentarista Política.