Antes do show comemorativo pelos 20 anos de É o Tchan, na noite desta terça-feira [30], no Bali Beach, os dois remanescentes da formação original da banda, Compadre Washington e Beto Jamaica, concederam entrevista exclusiva ao Bahia Notícias e não se omitiram quando o assunto foi o pagode atual.
– Eu gosto muito [de pagode], a batida continua, mas as letras que mudaram um pouquinho. Há letras boas, mas há letras que realmente não dá para a gente ouvir ou engolir. Muito apelativas. E isso não faz parte da nossa história. O erotismo é uma coisa e a pornografia é outra – opina Beto Jamaica.
A empatia da banda com as crianças, segundo Beto, seria a “prova” de que as letras do É o Tchan não ultrapassaram os limites do bom senso.
– Tinha também o lance de É o Tchan agradar as crianças, a gente fazia até brinquedos, como bambotchan, chiclete do Tchan, sandália do Tchan, tudo isso a gente fazia. Tínhamos uma preocupação grande, através das nossas letras, para não soar vulgar – explica.
No entanto, Compadre Washington não enxerga a censura como uma medida eficaz para mudar o cenário do pagode baiano.
– A censura, como somos um país democrático, é meio complicada, porque tem gosto para tudo e as pessoas ouvem o que querem. A gente não pode proibir as pessoas de ouvirem o que querem, mas o projeto que ela coloca [projeto de lei da deputada estadual Luiza Maia (PT), conhecido popularmente como ‘lei antibaixaria’] é para não usar dinheiro público contratando essas bandas. Já que o modo dela pensar é que está sendo denegrida a imagem da mulher. Então chegou nesse ponto em que ela não quer que o dinheiro do Estado seja pago para essas bandas, aí tudo bem, mas cada um ouve o que quer, não se pode proibir isso nunca mais – explica.
por Lucas Franco, (BN).