O nome de Frank Oliveira da Costa, 36 anos, foi associado a muita coisa, nos últimos dois dias: “homem-bomba”, terrorista, louco. Até de “Gengiman” (algo como ‘homem-gengibre’, em alusão às balas que carregava) foi chamado, nos memes na internet, pelos que têm um senso de humor politicamente incorreto ou moralmente questionável. Nenhuma das alcunhas, na verdade, dava alguma noção de quem realmente era Frank, o homem que entrou na prova do exame da Ordem dos Advogados do Brasil (OAB) em Salvador, no campus da Unijorge, anteontem, dizendo portar uma bomba.
“Ele é um pai de família, desempregado. Passou no concurso para trabalhar em Brasília, em 10º lugar, e perdeu de trabalhar por causa dessa OAB. Em vez de levarem ele pro médico, liberaram”, criticou a mulher, identificada apenas como Silene, antes de dizer que tinha condições de falar sobre o assunto e que ainda decidiria se viria de Natal para resolver a situação. “É doloroso”, desabafou.
O próprio Frank morava na capital potiguar até três meses atrás, quando voltou para Salvador. Se mudou para lá há pelo menos dois anos e morava com a mãe, a irmã e o sobrinho no bairro de Ponta Negra. “Ele foi embora porque queria bater na mãe e na irmã, que tem esquizofrenia. A mãe dele sofre muito, é uma senhora já, muito velhinha. Dá pena. A gente sabe o que a irmã dele tem, mas não sabe o que ele tem”, contou uma vizinha. Aqui, segundo a polícia, ele mora em Itapuã.
Em Natal, fez o exame de ordem seis vezes. O presidente da OAB no Rio Grande do Norte, Paulo Coutinho, confirmou a informação. Ele conta, inclusive, que o bacharel protagonizou um tumulto por lá, na última vez. Antes da prova, começou a xingar a OAB, mas foi acalmado pela comissão que aplicava o exame. “Ele se sentou, mas assim que recebeu a prova, começou a gritar novamente. Rasgou a prova, jogou no chão e foi embora. Não teve outro episódio grave. Das outras vezes, a comissão informou que ele chegava e fazia algum comentário, mas se continha”, contou Coutinho.
Nos últimos tempos, a situação ficou mais difícil para Frank. À polícia, disse que, em 2011, divorciou. Mas, pai de dois filhos que moram na Bahia, tem sido proibido de contato pela ex-mulher. Sem achar emprego, não consegue sustentar a família. “Ele está vendendo essas balinhas para poder se alimentar”, disse a vizinha, referindo-se aos doces de gengibre.




