As escolas particulares devem incluir novas despesas na hora de definir a planilha de custos que irá nortear a média de reajuste da mensalidade para o ano que vem. Essa foi a orientação passada pelo Sindicato dos Estabelecimentos de Ensino do Estado da Bahia (Sinepe), nas duas reuniões realizadas ontem na sede da instituição.
Na conta orçamentária devem entrar os gastos com o aumento do IPTU, contratação de agentes de trânsito para monitorar o embarque e desembarque de alunos, pagamento da taxa de incêndio, reajuste no valor da energia elétrica, previsão de reajuste para o salário mínimo, modificações na estrutura dos prédios, como prevê a Lei de Assecibilidade, e, ainda, o aumento do acervo de livros nas bibliotecas escolares, conforme determina a Lei 12.244, que assegura a oferta de, no mínimo, um livro para cada aluno matriculado.
Ao contrário da expectativa de definir uma média fixa de reajuste, as escolas aproveitaram a reunião para tirar dúvidas de como acrescentar essas novas despesas, que, no final das contas, devem pesar no bolso dos pais. No entanto, o assessor da diretoria do Sinepe Jaime David Cardoso afirmou que a expectativa é que a média dos reajustes fique entre 7% e 10,5%, mas podendo alcançar, em alguns casos, até 12,5%. O índice está acima da inflação prevista pelo governo federal para este ano, cujo teto é de 6,5%”.
“O nosso objetivo maior em realizar esta reunião foi o de conscientizar as escolas a fazerem os cálculos sem nenhum abuso ou aumento desproporcional, de acordo com a realidade de cada uma”, disse Cardoso. Entre 2013 e 2014, o reajuste médio das mensalidades ficou entre 6% e 7%.
Mensalidade em dia
Para a diretora do Sinepe Maria Augusta Oliveira, o índice de inadimplência que em agosto chegou a 21,20% – número maior do que os 17,8% registrados no mesmo mês do ano passado – não deixa de ser um problema para as escolas, mas que não interfere no reajuste. “Querendo ou não, a escola é um prestador de serviço. Se o pai é correto ele vai chegar à escola com a transferência e o atestado de quitação da instituição anterior”.
A diretora acredita que a solicitação do atestado de quitação é um direito da escola, mesmo que o Procon-BA determine a impossibilidade dessa exigência por parte das instituições de ensino. A recomendação do sindicato é que as escolas entreguem o comprovante junto com a expedição da transferência. “Se ele contratou um serviço, tem que pagar. Precisamos dessa garantia”.
E o bolso? A funcionária pública Sumara Carvalho tem duas filhas em idade escolar. O acréscimo nas mensalidades vai pesar no orçamento familiar. “Fiz a reserva mesmo antes de saber o valor do reajuste e isso deixa a gente com frio na barriga, já que o aumento é sempre maior do que o reajuste do nosso salário”.
Para manter as duas filhas na escola, ela gasta R$ 1.960 com as mensalidades e mais R$ 1.620 por três dias que as meninas precisam ficar no colégio em turno integral, o que representa R$ 3.580 por mês. “Pagar escola já é muito caro e os gastos não param por aí, sempre tem outros custos com a educação, como taxa de material escolar que os estabelecimentos cobram no início e no meio do ano”, lamentou.
Solução
O jeito é planejar e tentar conseguir um desconto com a escola. É o que orienta o consultor financeiro Reinaldo Domingos. Para ele, o primeiro passo é fazer um raio X nas finanças da família e saber o que pode ser economizado, para não ser pego de surpresa no início do ano com as despesas de educação.
“Outra saída é tentar uma negociação com a escola, quanto mais cedo tentar conversar, melhor. Algumas instituições têm programas de bolsas de estudo, outras têm uma margem de desconto maior para quem tem mais de um filho matriculado e para quem já é cliente há muitos anos”, orienta o consultor.
É isso que faz a funcionária pública Niúra Marinho. Ela diz que essa deve ser uma iniciativa dos pais. “Mesmo quando tinha uma filha só na escola eu ia lá pedir desconto e, este ano, meu outro filho entrou no colégio, então pude pleitear mais um abatimento. Além disso, planejo cobrir os gastos no início do ano com o dinheiro das minhas férias, que sempre programo para essa época do ano”.
Fonte: Correio da Bahia