Uma técnica polêmica para emagrecer ganhou notoriedade nos últimos dias: uma das finalistas do Miss Venezuela 2013, Wi May Nava, afirmou em um programa que, para chegar ao corpo ideal para o concurso, costurou uma tela plástica na língua. A prática tem sido utilizada por médicos nos Estados Unidos e em vários países da America Latina. Com o material rígido preso à língua, torna-se doloroso movimentá-la, o que faz com que a pessoa só consiga ingerir líquidos.
Especialistas brasileiros ouvidos pelo G1 criticam a técnica, e afirmam que não há evidências científicas que comprovem sua segurança e eficácia. Ainda assim, cirurgiões de países como México, Colômbia, Venezuela, Chile e EUA anunciam o novo método como estratégia rápida e prática para perder peso. Ainda não há registros de uso da técnica no Brasil pois, para que possa ser utilizada no país, seria necessária uma pesquisa clínica aprovada pelos comitês de ética responsáveis.
Para o cirurgião João de Moraes Prado Neto, presidente da Sociedade Brasileira de Cirurgia Plástica, trata-se de uma alternativa muito radical para atingir a perda de peso: “Como pode alterar a anatomia da pessoa para evitar que ela se alimente com sólidos? Existem tantas outras alternativas racionais que não passa pela minha cabeça como se chegou a esse extremo”.
O médico Durval Ribas Filho, presidente da Associação Brasileira de Nutrologia (Abran), observa que a adoção de uma dieta exclusivamente líquida pode dificultar a obtenção da sensação de saciedade. “Temos um sistema que controla nossa fome e saciedade e esse processo se inicia com a mastigação. A partir do momento que não se mastiga, não se libera estímulos para os núcleos hipotalâmicos da saciedade”, diz. Outra complicação refere-se ao sistema digestivo. “Como a quantidade de fibras é muito pequena em uma dieta líquida, existe uma tendência de constipação, o intestino pode não funcionar”, diz. Ele acrescenta que, como outras dietas da moda, uma alimentação exclusivamente líquida tende a se tornar enjoativa depois de alguns dias.