A 27ª fase da Operação Lava Jato identificou um dos beneficiários do esquema de corrupção: o empresário paulista Ronan Maria Pinto recebeu R$ 6 milhões. Os recursos vieram de um empréstimo fraudulento que o pecuarista José Carlos Bumlai obteve junto ao Banco Schahin em outubro de 2004.
Ele admitiu ter feito o empréstimo, que totalizou R$ 12 milhões, e disse que o objetivo era pagar dívidas de campanha do PT e “caixa 2”. Investigadores ainda não confirmaram quem foi o destinatário final dos outros R$ 6 milhões.
O empréstimo foi pago por meio da contratação fraudulenta da Schahin como operadora do navio-sonda Vitória 10.000, pela Petrobras, em 2009, ao custo de US$ 1,6 bilhão.
O procurador Diogo Castor afirma que não se sabe ainda por que Ronan Pinto recebeu R$ 6 milhões.
já foi condenado a 10 anos, 4 meses e 12 dias de reclusão, em regime fechado, e pagamento de multa por concussão e corrupção ativa. Ele foi acusado de envolvimento em esquema de cobrança de propina de empresas de transportes contratadas pela prefeitura de Santo André, entre 1999 e 2001.
Deflagrada nesta sexta-feira (1º), a 27ª fase, chamada de Carbono 14, cumpre 12 mandados judiciais, entre eles, um de prisão temporária para Ronan Ele foi detido e será levado a Curitiba ainda hoje.
Mensalão e Lava Jato
Ao detalhar a operação, o procurador Diogo Castor afirmou que o objetivo era entender o caminho do dinheiro. Segundo ele, o esquema era muito parecido com o que ocorria no mensalão. Empréstimos fraudulentos, que não eram pagos aos bancos, foram usados para financiamento político.
Os dois casos ocorreram na mesma época. Alguns dos personagens, como o publicitário Marcos Valério, o ex-tesoureiro do PT, Delúbio Soares e o ex-secretário geral do PT, Silvio Pereira, estão envolvidos em ambos.
Preso na 27ª fase da Lava Jato, Silvio Pereira é apontado como articulador do repasse de recursos a Ronan Pinto. “Era a pessoa encumbida de arquitetar o esquema que culminou com concessão do empréstimo e com os repasses para o Ronan Maria Pinto. O senhor Marcos Valério fala que Silvio lhe procurou em meados de 2004 falando da necessidade de operacionalização de outro pagamento em favor do partido”, afirmou Diogo Castor.
Delúbio Soares é alvo de condução coercitiva nesta sexta. Ele foi citado como a pessoa que representou os interesses do PT junto ao Banco Schahin para obter os empréstimos fraudulentos, segundo os investigadores.
O que diz o suspeito
Em nota, advogados de Ronan diz que ele sempre esteve à disposição dos investigadores. “Há meses reafirmamos que o empresário Ronan Maria Pinto sempre esteve à disposição das autoridades de forma a esclarecer com total tranquilidade e isenção as dúvidas e as investigações do âmbito da Operação Lava Jato, assim como a citação indevida de seu nome. Inclusive ampla e abertamente oferecendo-se de forma espontânea para prestar as informações que necessitassem”, diz o texto.
Do G1