Entre as mais de mil pessoas que foram à praça Saldanha Marinho, no centro de Santa Maria (RS), participar de um culto ecumênico em homenagem às 231 vítimas do incêndio na boate Kiss estavam duas estudantes dos Estados Unidos. Anastacia Vacaro e Jenny Lewis são intercambistas na Universidade Federal de Santa Maria (UFSM), que atrai estudantes de várias cidades do Rio Grande do Sul, de outros estados do Brasil e também de diferentes países.
Jenny, que mora na Virgínia, tinha uma relação ainda mais próxima com duas vítimas: estava hospedada na casa de um casal de namorados que acabou morrendo dentro da boate. Ainda muito abalada, não quer falar sobre o assunto. Em função da diferença de três horas no fuso horário, as duas conseguiram avisar os pais, por e-mail, que estavam bem, antes que as notícias da tragédia ganhassem destaque nos principais jornais do mundo.Há poucos meses na cidade da Região Central, as duas conheciam vários outros dos 101 estudantes da universidade que morreram em razão do incêndio. Mesmo assim, dizem que a perda de tantas vidas em um único incidente ultrapassa fronteiras e deixa o mundo todo de luto. “Essas tragédias são universais, afetam a todos nós da mesma maneira. Não há como deixar de se solidarizar”, comenta Anastacia, natural de Gainesville, Flórida.As duas americanas estavam acompanhadas das amigas Tatiana Reckziegel, Sara Ceron e Luciane Calhedo, todas estudantes de engenharia da UFSM. Como a maioria dos estudantes da cidade, as jovens saíram à procura de diversão na noite de sábado (29). Passaram em frente a boate Kiss, mas Tatiana não quis entrar em função da longa fila na porta. Voltou para casa sem saber se outras duas amigas, Lauren e Stefani, haviam entrado na festa.
“Por volta das 5h da manhã, recebi um telefonema contando tudo o que aconteceu. Depois disso, ficamos a madrugada inteira acordadas ligando para tudo quanto é lugar tentando localizar as duas. Às 10h, me avisaram que elas haviam dormido em uma casa de outra amiga. Mas durante todo o dia começaram a confirmar a morte de vários outros amigos”, lembra Tatiana, 29 anos, que acaba de concluir um curso de mestrado na UFSM.
G1