Cada seleção que vai disputar a Copa do Mundo teve à sua disposição 83 CTS (Centro de Treinamento de Seleções) para escolher onde ficar durante o torneio – apenas a Alemanha decidiu construir um espaço próprio. E essa escolha pesou na distância que as equipes terão de percorrer na primeira fase do Mundial, pois, pelas regras da Fifa, cada delegação é obrigada a chegar ao CTS até o dia 7 de junho e usar o local como base até o mata-mata.
Levantamento feito pelo Estado, levando em consideração todo o percurso (ida e volta) que cada equipe fará a partir do CTS escolhido para disputar os três jogos da fase de grupos, mostra que os Estados Unidos ganharão a maior quantidade de “milhagem” da competição. Os norte-americanos escolheram o CT da Barra Funda, do São Paulo, para treinar e se concentrar, mas o sorteio os colocou para jogar em Natal, Manaus e Recife, fazendo com que o time tenha de percorrer 14.326 quilômetros de ônibus e avião.
Com apenas 200 quilômetros a menos na contagem está a Itália, que optou por se refugiar em um resort em Mangaratiba (RJ) e, com isso, alcançará 14.126 quilômetros para atuar também em Manaus, Recife e Natal. A esperança dos europeus é conseguir autorização para utilizar uma base aérea militar local. Se a negociação der certo, economizará mais de 600 quilômetros. O México é outra equipe que ultrapassará a barreira dos 14 mil (14.040 quilômetros). A seleção, adversária do Brasil na primeira fase, ficará em Santos e vai jogar em Natal, Fortaleza e Recife.
Do lado oposto está a Bélgica, que teve sorte no sorteio das chaves. Ela escolheu Mogi das Cruzes e percorrerá apenas 1.984 quilômetros para jogar em Belo Horizonte, Rio de Janeiro e São Paulo. A Argentina, por sua vez, ficará na Cidade do Galo, em Vespasiano (MG), e também viajará pouco pelo Brasil: apenas 3.590 quilômetros para atuar em Rio de Janeiro, Belo Horizonte e Porto Alegre. Em seguida, aparece a Argélia, a última seleção a escolher seu CTS. O país africano optou por Sorocaba e, com isso, percorrerá somente 3.992 quilômetros. A equipe vai jogar em Belo Horizonte, Porto Alegre e Curitiba.
PESO DA ESTRUTURA
O caso da escolha de Campinas por Portugal é curioso. A seleção faz parte do Grupo G e jogará em Salvador, Manaus e Brasília. Mesmo tendo uma distância de 9.834 quilômetros para percorrer, o país manteve a preferência pela cidade paulista. Segundo Alexandra Caprioli, coordenadora do comitê Campinas Pró-Copa e diretora de Turismo da cidade, três fatores pesaram para a decisão dos dirigentes da seleção portuguesa: a proximidade do Aeroporto de Viracopos, a qualidade do hotel e a eficiência do atendimento. “A distância é grande, mas eles optaram por Campinas ao comparar as condições. Isso compensou as longas viagens.”
Campinas recebeu 24 seleções entre 2011 e dezembro de 2013, com mais de 30 visitas. Uma vantagem da cidade foi a preparação para receber os dirigentes. “Quando eles vieram, fizemos a escolta do grupo e um esquema de trânsito específico para eles, já visando ao Mundial”, conta Alexandra. Representantes de Portugal estiveram na cidade três vezes. A Nigéria, que também escolheu Campinas, realizou apenas uma visita, logo após o sorteio dos grupos da Copa, que ocorreu no dia 6 de dezembro.
Isso fez com que o mapeamento das exigências da seleção africana ocorresse já sabendo onde vai jogar. A cidade está providenciando uma reforma no gramado do Brinco de Ouro da Princesa, onde a Nigéria fará suas atividades. A seleção portuguesa, por sua vez, treinará em dois locais, o Moisés Lucarelli e o Centro de Treinamento da Ponte Preta. Isso ocorrerá para dar mais privacidade ao time liderado por Cristiano Ronaldo. Durante a Copa, os treinos abertos vão ocorrer no estádio. Os fechados, no CT.
CENTRO DO PAÍS
Em Goiânia, a distância relativamente pequena a ser percorrida seria um fator vantajoso para quem atuasse no Norte ou no Nordeste, mas isso não foi suficiente para as comissões técnicas. A cidade está localizada em um lugar estratégico, próxima a Brasília e na rota de Manaus e do Nordeste e tinha três opções no catálogo da Fifa – o CT Urias Magalhães, o Estádio Serra Dourada e o Estádio Hailé Pinheiro –, mas acabou sendo preterida.
No total, 27 cidades do País, de nove estados, receberão as 32 seleções da Copa. Seis delas terão duas equipes: São Paulo (Irã e EUA), Santos (Costa Rica e México), Itu (Japão e Rússia), Campinas (Nigéria e Portugal), Rio (Holanda e Inglaterra) e Vitória (Austrália e Camarões).
Estadão