O ex-participante do reality show “Big Brother Brasil 12” Daniel Echeniz, de 31 anos, terá que entregar o seu passaporte à Justiça, informou nesta sexta-feira (20) a promotora Christianne Monnerat, do Ministério Público do Rio de Janeiro. Ela ingressou com uma medida cautelar solicitando a busca e apreensão do passaporte do modelo para evitar que ele saia do Brasil durante a fase de apuração do inquérito aberto pela Polícia Civil. Segundo a promotora, o pedido já foi atendido pela Justiça.
Daniel é investigado por um suposto abuso sexual contra a estudante Monique Amin, que também participa da atração da TV Globo. Ele foi eliminado pela direção do programa na segunda-feira (16).
A promotora informou que o juiz Marco Couto, da Vara Criminal de Jacarepaguá, decidiu nesta quinta-feira (19) que o modelo terá que entregar seu passaporte no prazo de 72 horas, além de não poder deixar o Rio de Janeiro sem autorização judicial.
A advogada Adiléia Triani, responsável pela defesa de Daniel, disse que vai pedir uma prorrogação do prazo de entrega do passaporte. Ela garantiu que o ex-participante não tem pretensão neste momento de deixar o país e nem o Rio, já que vários familiares moram na cidade.
“O passaporte dele não está no Rio, mas já está a caminho. Vamos pedir apenas uma prorrogação viável do prazo, por isso que nem estipulamos o tempo. O Daniel não vai sair nem do Rio de Janeiro e muito menos do Brasil”, falou a advogada.
Investigações
Para a promotora Christianne Monnerat, a ida de Daniel ao exterior neste momento poderia atrapalhar as investigações da polícia. Ela disse que resolveu entrar com a medida cautelar após saber pela imprensa que o modelo teria recebido propostas para morar em Milão, na Itália, e na África do Sul.
“É uma medida cautelar, não estou analisando o mérito. Eu posso retornar o inquérito para delegacia pedindo novas diligências, posso denunciá-lo ou pedir o arquivamento. A medida é só de cunho cautelar. O delegado tinha acabado de falar que ia determinar a perícia gestual da cena, a fita já foi encaminhada para a perícia, a defesa sabia disso. Sem ele aqui, isso pode atrapalhar o andamento do feito”, argumentou a promotora.
Protesto em São Paulo
Cerca de 20 pessoas participaram de uma manifestação na Zona Sul de São Paulo, em frente à sede da TV Globo na cidade, no final da manhã desta sexta (20) em protesto contra o caso de suspeita de estupro no Big Brother Brasil. Mulheres reivindicavam uma exibição mais adequada da imagem do sexo feminino na televisão.
De acordo com manifesto distribuído pelos participantes, além de protestar contra o suposto estupro, o objetivo do ato era também cobrar atitudes das autoridades quanto à veiculação de imagens inapropriadas em rede nacional. Em nota divulgada na quinta (18), a Central Globo de Comunicação (CGCom) disse que “as cenas em questão foram exibidas apenas no pay per view e pelas emissoras concorrentes” (leia mais abaixo).
Advogado diz que foi ‘injustiça’
Na quinta-feira (19), os advogados de Daniel deram entrevista coletiva a imprensa. Um dos representantes do modelo, o advogado Wilson Matias, disse que foi “uma injustiça” a eliminação de seu cliente da 12ª edição do reality show “Big Brother Brasil” e que trabalha pela volta dele ao programa.
A cena que levou à saída de Daniel do programa ocorreu na madrugada de domingo (15). Após uma festa iniciada na noite de sábado, as câmeras do programa registraram Daniel junto com a estudante gaúcha Monique Amin, 23 anos, sob o edredom, em uma cama. Depois que a cena foi ao ar, passou a circular na internet a versão de que Monique sofreu abuso sexual.
Segundo o advogado de Daniel, Monique não se encontrava em estado de inconsciência em nenhum momento. “Da mesma forma que ele tocou no corpo de Monique, Monique tocou no corpo dele”, disse.
Segundo ele, a cena dos dois “não é socialmente inadequada dentro do reality show” e, por isso, na avaliação dele, foi exibida. “Ele foi retirado do programa por uma injustiça”, disse.
Matias questiona: “Se fosse o galã, será que ele também seria excluído? Ou será que ele foi excluído por ser descendente de afro? Será que foi racismo?”
Nota da TV Globo
No início da noite de quinta-feira (19), a CGCom divulgou a seguinte nota:
“É preciso repetir mais uma vez que, comprovadamente, a TV Globo não exibiu as cenas consideradas polêmicas. As cenas em questão foram exibidas apenas no pay per view e pelas emissoras concorrentes. Num primeiro momento a situação foi considerada dentro da normalidade.
Depois, diante das especulações – inclusive com o questionamento formal de órgãos públicos –, a atitude mais sensata foi o afastamento de Daniel, também para que ele possa formalmente responder às acusações.
Mesmo com Monique afirmando em depoimento que consentiu, ainda está em curso uma apuração, e a permanência dele certamente é inadequada ao programa.”
Perícia no edredom
O suposto estupro está sendo investigado na 32ª DP (Taquara), na Zona Oeste do Rio. O delegado Antônio Ricardo Nunes, responsável pelas investigações, informou que uma perícia será feita no material recolhido na casa do reality show “Big Brother Brasil”. Além de imagens, serão periciadas calcinha, cueca e roupa de cama.
O delegado quer saber se Monique estava desacordada, sob o edredom. “Se ela estava desacordada, nós entendemos que houve estupro de vulnerável”, afirmou o delegado. “Por enquanto, Daniel é ouvido na qualidade de testemunha”, afirmou ele na quarta, acrescentando que “neste primeiro momento” não pretender interrogar mais ninguém.
Na terça-feira (17), o delegado foi ao Projac, onde fica a casa onde é gravado o programa, em Jacarepaguá, na Zona Oeste do Rio, e ouviu separadamente os dois, por cerca de uma hora e meia cada um.
Segundo ele, Monique afirmou que não houve sexo entre ela e Daniel. No depoimento, ambos disseram que as carícias foram consentidas e que, apesar da ingestão de bebidas alcoólicas, estavam conscientes. Monique não quis fazer exame de corpo de delito.