Por Lidiane Souza
Foto: Arquivo do artista
O poeta Jessier Quirino se apresenta hoje (25) à noite na casa de show Zé Matuto, em Petrolina. Nossa equipe através de seu produtor Olavo Junior, conseguiu uma exclusiva antes do show.
Jessier falou que já conhece Petrolina, e por sinal foi o arquiteto, há uns vinte e dois anos atrás, do projeto da concessionária Fiat, a Bari. Isto no tempo que o mesmo fazia poesia, mas nem sonhava em ser poeta livresco. Ele deixou bem claro que o arquiteto Quirino foi ofuscado pelo poeta Jessier, para satisfação de seus fãs.
Durante a entrevista o poeta falou sobre sua vida artística, suas inspirações e da grande responsabilidade diante o seu público.
Contou também um pouco sobre o espetáculo Papel de Bodega – título do livro que lançou em 2014. “Apresentamos um pouco de tudo: poemas deste livro; histórias recentes, causos e poemas inéditos e também poemas já conhecidos, aqueles tidos como clássicos. Isso tudo embrulhado em papel de bodega com aquele cheiro misturado de sabonete e armazém. O problema é que tem que caber em uma hora e meia”, declarou.
Diário da Região– É a segunda vez que você vem a Petrolina, salve o engano, o que te traz de volta à região? Muitos dizem que aquele que bebe da água do São Francisco sempre volta… a lenda é verdadeira?
Jessier Quirino – Já estive em Petrolina algumas vezes – como arquiteto e também como artista. Em formato de poeta percebo um público diversificado: maravilhoso; acolhedor; festivo e de ouvidos em boa escuta para as minúcias dos causos e poesias ditas em palco. Gosto quando há esse interesse pelas faíscas poéticas da palavra. Isto só nos ajuda na concentração e nos faz crescer em cena.
DR – Fale um pouco sobre sua obra, que traz influência da poesia matuta.
JQ – Minha obra tem muito da palavra de meio de feira, palavra baldia, palavra de alpendre, de batente atijolado e que bebe na fonte matuta de poetas como Zé da Luz, Zé Prexedes, cantadores, emboladores e outros mais. Como sou eu mesmo o declamador e ator para cada texto, procuro muito o colorido e a musicalidade dos versos; é uma extensão do processo criativo: falar, declamar sozinho. Aí a gente vai tirando as arestas. Talvez a marca principal da minha poesia está no fato de eu buscar voejos em outras paragens, sem perder o sotaque: o hálito de terra misturado a jerimum. É uma poesia grossa pra ser palito e fina pra ser espeto.
DR – Além de poeta você também é arquiteto, como conciliar as duas profissões?
JQ – Diria que o arquiteto Quirino foi ofuscado pelo poeta Jessier. Toda minha atividade hoje é artística, e a responsabilidade passa a ser maior a cada trabalho artístico publicado. Não tenho como assumir projetos de arquitetura. Em Petrolina, acho que há uns vinte e dois anos atrás, fiz o projeto da concessionária Fiat, a Bari. Isto no tempo que eu fazia poesia, mas nem sonhava em ser poeta livresco.
DR – O que mais o inspira como artista?
JQ – O Mestre Zé Marcolino dizia que a poesia está em toda parte e basta a gente olhar com sensibilidade para captar. Tudo serve de inspiração: até um parafuso de cabo de serrote. Há uma frase que diz mais ou menos assim: o mais difícil não é escrever o poema; o duro, duro mesmo, é descrever, tirar as bobagens, os excessos, os arrodeios e deixar só a poesia. Aí é difícil que só gente sonsa sem maldade.
DR – O que você está preparando para a apresentação deste sábado?
JQ – Estamos com o espetáculo Papel de Bodega – título do livro que lançamos em 2014 e vamos levando, também (além de livros) o nosso primeiro DVD Vizinhos de Grito lançado semana passada. Em Petrolina estou indo em formato solo. Sem os músicos, e sem o cenário grandioso que levamos para os teatros com boca-de-cena apropriada. No formato solo sinto-me até mais livre. Apresentamos um pouco de tudo: poemas deste livro; histórias recentes, causos e poemas inéditos e também poemas já conhecidos, aqueles tidos como clássicos. Isso tudo embrulhado em papel de bodega com aquele cheiro misturado de sabonete e armazém. O problema é que tem que caber em uma hora e meia.
DR – Para encerrar brinde nossos leitores com um convite ao seu show.
JQ – Papel de Bodega
Tem a sigla PB de Paraíba.
Bodega começa com bode.
Ode quer dizer poesia.
Eu tenho pra mim
Que o primeiro mapa da
liberdade foi traçado em
Papel de bodega.