O segundo vice-presidente nacional do PSB, deputado Beto Albuquerque, anunciou nesta quarta-feira (18) que o partido decidiu colocar à disposição da presidente Dilma Rousseff os cargos que ocupa no governo federal.
Segundo Albuquerque, o presidente do partido, o governador de Pernambuco, Eduardo Campos, terá um encontro nesta quarta com a presidente, para informar sobre a decisão. Entre outros postos, o PSB comanda o Ministério da Integração Social e a Secretaria dos Portos, que também possui status de ministério.
A decisão de deixar o governo foi tomada em reunião a portas fechadas da executiva nacional da legenda, em Brasília. O encontro, coordenado pelo presidente da sigla, o governador de Pernambuco Eduardo Campos, contou com a presença da maioria dos dirigentes e também do titular da Integração Social, Fernando Bezerra Coelho. Responsável pela pasta dos Portos, Leônidas Cristino não participou da reunião em razão de uma viagem ao Panamá.
Além de Campos, estavam presentes à reunião os governadores Cid Gomes (Ceará), Ricardo Coutinho (Paraíba) e Wilson Martins (Piauí). Dos seis governadores da sigla, só não participaram do encontro Renato Casagrande (Espírito Santo) e Camilo Cabiperibe (Amapá). O ex-governador cearense Ciro Gomes também não compareceu, devido a uma viagem ao exterior.
Nas últimas semanas, segundo informou o Blog do Camarotti, integrantes do PT e do Palácio do Planalto pressionavam para que o PSB entregasse os cargos no Executivo federal. De acordo com interlocutores da presidente, Dilma ficou irritada com o recente encontro entre Eduardo Campos com o senador Aécio Neves (PSDB-MG), em Recife, no qual os dois potenciais candidatos à Presidência fizeram críticas ao governo.
Nós não aceitamos nenhum tipo de pressão. Entendemos que é mais adequado, neste momento, para que a presidente e o PSB fiquem mais à vontade, que nós possamos estar fora do governo.”
Rodrigo Rollemberg (DF), líder do PSB no Senado
O líder do PSB no Senado, Rodrigo Rollemberg (DF) justificou a decisão de deixar o governo com o argumento de que o partido não aceita a suposta pressão do PT.
“Nós não aceitamos nenhum tipo de pressão. Entendemos que é mais adequado, neste momento, para que a presidente e o PSB fiquem mais à vontade, que nós possamos estar fora do governo”, disse Rollemberg.
Apesar de entregar os cargos na administração federal, os dirigentes do PSB decidiram que a legenda não fará oposição ao governo Dilma no Congresso.
Segundo Beto Albuquerque, a sigla assumirá uma posição de independência, votando com o governo nas matérias que considerar “boas” para o país.
“O apoio ao governo vai depender dos temas e das pautas. Não vamos virar oposição, mas vamos apoiar o governo somente nas coisas boas. Queremos ficar livres, soberanos e independentes”, disse o deputado.
O líder do PSB na Câmara reclamou das pressões de integrantes do PT para que o partido comandado por Eduardo Campos deixasse os postos que ocupa na Esplanada. Nas palavras de Beto Albuquerque, o assédio petista “beirou a humilhação”. “O governo não terá mais de discutir sobre cargos conosco”, ironizou.
Ele disse que a decisão da executiva nacional do PSB não ordena que os dois ministros entreguem cartas de demissão. Mas afirmou que Bezerra e Leônidas “sabem o que devem fazer”.
“No momento em que o PSB decide que não deve ter mais cargos no governo federal, eles [os ministros do partido] sabem o que devem fazer. Os ministros têm de sair”, ponderou.