A cúpula do PT decidiu propor aos parlamentares do partido e também a aliados que apresentem uma emenda constitucional convocando novas eleições presidenciais ainda neste ano. Batizado de “Diretas Já”, o movimento tem o objetivo de marcar posição porque, na prática, a chance de prosperar é remota.
A uma semana do depoimento do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva ao juiz Sérgio Moro, em Curitiba, a Executiva do PT se reuniu em Brasília e aprovou uma resolução política que chama as delações à força-tarefa da Lava Jato de “fabricadas”.
“Quanto mais o ex-presidente avança, mais os asseclas do golpe atiçam seu ódio e perseguição com delações fabricadas e denúncias sem provas”, destaca o documento. Réu em cinco ações penais, três das quais no âmbito da Lava Jato, Lula se diz candidato do PT à Presidência, mas, se for condenado em segunda instância pela Justiça, ficará inelegível.
No mesmo momento em que o ex-ministro José Dirceu deixava a prisão, em Curitiba – beneficiado por um habeas corpus do Supremo Tribunal Federal (STF) –, o comando petista discutia recursos impetrados por chapas que apontaram fraudes nas eleições internas para renovar as direções municipais. Foram encontradas irregularidades nas disputas em várias cidades, mas nesta quarta-feira, 3, os recursos analisados eram da Bahia, Maranhão, Espírito Santo, Alagoas, Tocantins.
No último parágrafo da resolução política, a Executiva petista dedicou três linhas para comemorar a libertação de Dirceu, que presidiu o partido durante sete anos. “O PT saúda a decisão que liberou o companheiro José Dirceu, preso injustamente, e espera que a mesma se estenda ao companheiro João Vaccari”, diz a resolução, numa referência ao ex-tesoureiro do PT, outro réu da Lava Jato preso em Curitiba.
A recomendação feita por Dirceu, quando ainda estava na cadeia, para que o PT dê uma guinada à esquerda, foi encarada como “natural” pela cúpula do partido. Nos bastidores, porém, muitos não gostaram da citação feita por ele ao ex-ministro Ciro Gomes (PDT). Em carta de 14 páginas, à qual o Estado teve acesso, Dirceu diz que nada impede que o PT apoie, se for o caso, a candidatura de Ciro, em 2018. “Devemos nos unir no primeiro ou, seguramente, no segundo turno”, escreveu.
Na resolução política, a Executiva do PT chama o presidente Michel Temer de “chefete”, afirma que a realidade contrasta com a propaganda oficial e aponta o “fracasso” da política de austeridade. “A enxurrada de gastos publicitários para os grandes veículos da mídia também foi incapaz de impedir a queda vertiginosa da popularidade do governo ilegítimo e de seu chefete: a rejeição a Temer é inversamente proporcional à sua arrogância”, afirma o texto.
O PT definiu a greve geral do último dia 28 como um “marco histórico na luta contra o governo usurpador” e, mais uma vez, criticou a imprensa. “De pouco adiantou a mídia monopolizada e seus lacaios tentarem desqualificar o movimento, pois o êxito da greve geral foi inquestionável e reacendeu as esperanças de que é possível barrar as nefastas mudanças patrocinadas pelo governo e o grande capital”, destacou a resolução.
Fonte: Estadão


