Que a obesidade está diretamente ligada aos excessos alimentares e ao sedentarismo muita gente sabe. No entanto, o “Ten Putative Contributors to the Obesity Epidemic”1, artigo recente publicado na Critical Reviews in Food Science and Nutrition, apresentou evidências de que fatores como a poluição, tecnologia, sono e até mesmo o ar condicionado podem favorecer o desenvolvimento da doença. A revisão mostra que, além das causas genéticas, o ambiente e a vida moderna têm contribuído muito para o aumento dos casos da obesidade no mundo. Segundo o Dr. Marcio Mancini, endocrinologista e responsável pelo Grupo de Obesidade e Síndrome Metabólica do Hospital das Clínicas da USP, 40% a 60% das pessoas obesas têm a doença por origem genética. Isso significa ter propensão a engordar, mesmo que o consumo de calorias não seja exagerado. Por outro lado, o estudo mostra que alguns fatores ambientais favorecem a incidência do problema. São eles: 1- Poluição e exposição a outros produtos químicos: os compostos presentes na poluição, em certos plásticos, pesticidas e solventes podem alterar o metabolismo e a produção hormonal, influenciando no ganho de peso. 2- Tecnologia: o uso de novas tecnologias facilitou as atividades cotidianas. Aparelhos como telefone sem fio, controles remotos, eletrodomésticos multifuncionais e vidros elétricos substituem a força muscular, fazendo com que as pessoas se movimentem menos. 3- Ambiente termoneutro: antigamente, se gastava uma quantidade considerável de energia para equilibrar a temperatura do corpo. Com o uso de ar condicionado e aquecedores de ambiente, o corpo não precisa mais se adaptar já que os aparelhos mantêm a temperatura ideal, proporcionando menor gasto de energia. 4- Sono: nas últimas décadas o ser humano vem dormindo cada vez menos, em parte devido ao uso crescente de aparelhos com display de LED, usados na hora de ir dormir. Uma noite mal dormida implica na produção reduzida de melatonina, hormônio que rege vários outros ritmos metabólicos do organismo além do sono. O sono ruim também desregula o metabolismo, contribuindo para o ganho de peso. 5- Gravidez mais tardia: Está cada vez mais comum ter o primeiro filho depois dos 30 anos. Quanto maior a idade materna, maior a chance do filho ser obeso na adolescência. Acredita-se que isso aconteça porque quanto mais velha a mãe, o bebê está mais propenso a nascer um peso maior. Essa correlação pode acarretar na obesidade. 6- Similaridade fenotípica: A adiposidade dos casais tende a ser semelhante. Isso significa que parceiros com sobrepeso tendem a perpetuar geneticamente o problema na descendência. Alimentação e sedentarismo ainda são as principais causas da obesidade: Apesar dos fatores externos contribuírem com o aumento da obesidade, os excessos na alimentação e a falta da prática de exercícios físicos ainda são consideradas as principais causas da obesidade. “Apenas 35% da população brasileira pratica atividade física. É um número muito abaixo do esperado, mostrando que a população brasileira, de um modo geral, é inativa”, explica o Dr. Mancini. De acordo com a pesquisa VIGITEL 2014, do Ministério da Saúde, 48% dos brasileiros são sedentários, tornando o cenário cada vez mais preocupante. O índice de sedentarismo brasileiro supera o de países como EUA (40,5%), Rússia (20,8%), China (31%) e Índia (15,6%). “Outro fator externo muito importante e influente no crescimento da doença é a oferta de alimentos menos saudáveis por preços reduzidos. Além do baixo custo, esse tipo de produto é de consumo rápido e fácil acesso, tentador para quem não tem muito tempo disponível”, afirma o endocrinologista. Para combater o quadro de obesidade é fundamental manter o equilíbrio alimentar, evitando o consumo exagerado de produtos prontos, e inserir atividades físicas na rotina. O segredo está em uma alimentação balanceada, com a ingestão de todos os nutrientes necessários para o bom funcionamento do organismo, sem a exclusão de nenhum grupo alimentar da dieta. “Vilanizar” determinado tipo de alimento é um mito. Abolir ingredientes como o açúcar, por exemplo, é um equívoco. “O consumo isolado do ingrediente não pode ser apontado como causa da obesidade, diabetes ou outras doenças graves. Os açúcares têm uma longa história de utilização segura na alimentação. Desde 1997, cinco grandes organizações científicas e de saúde concluíram que o açúcar isoladamente não está associado às causas de doenças crônicas”, diz o Dr. Mancini. Quem vai determinar as porções permitidas a cada caso, seja do açúcar ou qualquer outro ingrediente, é o nutricionista. Portanto, para o indivíduo tratar a doença, o ideal é que faça os acompanhamentos: do endocrinologista, que vai poder receitar medicamentos quando houver necessidade e do nutricionista, que fará o cardápio viável de acordo com a rotina do paciente. Sem esquecer de como é importante praticar exercícios físicos. “É preciso colocar o corpo em movimento e com regularidade. Não importa se será na academia, numa aula de dança ou numa hidroginástica. O seu médico recomendará a melhor atividade”, orienta o preparador físico, Marcio Atalla. Referências: 1. Emily J. McAllister, Nikhil V. Dhurandhar, Scott W. Keith, Louis J. Aronne, Jamie Bargerd, Monica Baskin, Ruth M. Benca, Joseph Biggio, Mary M. Boggiano, Joe C. Eisenmann, Mai Elobeid, Kevin R. Fontaine, Peter Gluckman, Erin C. Hanlon, Peter Katzmarzyk, Angelo Pietrobelli, David T. Redden, Douglas M. Ruden, Chenxi Wang, Robert A. Waterland, Suzanne M. Wright & David B. Allison. Ten Putative Contributors to the Obesity Epidemic. Critical Reviews in Food Science and Nutrition, pages 868-913. 2 Dec 2009. Disponível em:http://www.ncbi.nlm.nih.gov/ |
Sobre a campanha Doce Equilíbrio:
A Campanha Doce Equilíbrio, é uma iniciativa da União da Indústria de Cana-de-Açúcar (UNICA) e tem como objetivo promover a informação sobre o equilíbrio na alimentação e estilo de vida. Equalizando o debate sobre o açúcar como componente que pode e deve fazer parte de uma vida saudável, a campanha visa o bem-estar da sociedade. Nas plataformas de blog (http://www. |