O filho da quilombola assassinada em Simões Filho, Região Metropolitana de Salvador, afirmou em entrevista, na manhã desta sexta-feira (18), que foi “um crime de mando”. Bernadete Pacífico, de 72 anos, foi morta com vários tiros no rosto na noite desta quinta-feira (17), em Pitanga dos Palmares, quilombo onde morava. Mãe Bernadete, como era conhecida, era coordenadora da Coordenação Nacional de Articulação de Quilombos (Conaq) e foi secretária de Políticas de Promoção da Igualdade Racial e líder da comunidade quilombola de Simões Filho.
“Perdi minha mãe com 12 tiros de pistola no rosto”, desabafou em entrevista à reportagem da TV Bahia. “Minha mãe foi assassinada por volta das 8h da noite de ontem. Minha família está sendo perseguida. Em 19 de setembro de 2017, foi meu irmão. E ontem, minha mãe foi executada dentro de casa com os três netos. Eu quero saber o que minha mãe fez. É um crime de mando. Vou mandar um recado para o ministro [da Justiça] Flávio Dino e o governador [da Bahia] Jerônimo Rodrigues. Esse crime está fácil de resolver. O do meu irmão tem o rosto do assassino passando no pedágio. Eu não vou sujar minhas mãos de sangue. Eu vou mandar um recado aqui. Você vai pagar, você foi um lixo”, disse Wellington Pacífico.
Ainda em entrevista, ele detalhou que dois homens entraram no local, de capacete, colocaram os três sobrinhos e outra criança dentro de quarto, depois, executaram a mãe dele com diversos tiros no rosto. “Tem filmagem que está na mão da polícia. Se a polícia quiser resolver, resolve. É a chance agora de elucidar os dois casos. […] Vocês [assassinos] são covardes. O mandante é um covarde, o executor é um covarde, mas eu não vou sujar minha mão de sangue, não. A mesma coisa que fizeram com meu irmão, fizeram com minha mãe”.
Em 2017, Flavio Gabriel Pacífico dos Santos, mais conhecido como Binho do Quilombo, filho de Bernadete e irmão de Wellington, foi executado com dez tiros, em frente à Escola Centro Comunitário Nova Esperança, em Pitanga dos Palmares, a duas quadras da casa de sua mãe.
Aos 36 anos, Binho deixou três filhos. Um deles viu a avó ser executada na noite desta quinta. O assassinato do filho de Bernardete segue impune e os culpados não foram identificados pela polícia baiana.
O que diz a polícia
Após o crime, a Secretaria da Segurança Pública da Bahia (SSP-BA) informou que repudia o homicídio da liderança quilombola Bernadete Pacífico, se solidariza à família e informa que as polícias Militar, Civil e Técnica, após tomarem conhecimento do fato, iniciaram de imediato as diligências e a perícia no local para identificar os autores do crime.
Ainda de acordo com a SSP, informações preliminares indicam que dois homens, usando capacetes, entraram no imóvel da vítima, na cidade de Simões Filho, e efetuaram disparos com arma de fogo. Detalhes sobre a dupla de homicidas podem ser enviados, com total sigilo, através do telefone 181 (Disque Denúncia da SSP).