Filho testemunha contra mãe no júri sobre morte de diretor da Friboi

FRIBOIO filho da empresária Giselma Carmen Campos, acusada de mandar matar o ex-marido, diretor financeiro grupo Friboi, será a principal testemunha de acusação contra a própria mãe no júri popular marcado para a próxima terça-feira (24) em São Paulo. Humberto de Campos Magalhães foi morto a tiros por um motoqueiro em uma rua da Zona Oeste da capital em 4 dezembro de 2008. Carlos Eduardo e a mãe deverão ficar frente a frente na sala no Tribunal do Júri. Ele tem certeza de que ela é culpada: “Foi ela que mandou matar meu pai”, diz. Além de Giselma, também deverá ser julgado o irmão dela, Kairon Valfer Alves.

Giselma viveu durante 20 anos com o executivo de um dos maiores frigoríficos do país. Segundo a polícia, depois da separação, ela passou a planejar o assassinato do ex-marido. O celular do filho mais velho do executivo foi usado no crime. A acusação diz que Giselma entregou o telefone a um pistoleiro. O assassino ligou para o executivo, dizendo que o filho dele estava passando mal, no meio da rua. Humberto foi até o local e bateu de casa em casa, à procura de notícias do filho. Quando entrou no carro, um motoqueiro se aproximou e depois de uma rápida discussão disparou dois tiros, um dos quais atingiu o executivo.

O celular usado para atrair a vítima ajudou a esclarecer o crime. O aparelho foi encontrado na casa de Kairon, irmão de Giselma, no Maranhão. Segundo a Polícia, Kairo contratou dois pistoleiros na Cracolândia, região central de São Paulo. A investigação mostrou que Giselma pagou ao irmão e aos assassinos R$ 30 mil para que o ex-marido fosse assassinado.

Humberto Magalhães, de 43 anos, era de origem humilde. Começou como açougueiro e virou o maior executivo da empresa. O empresário se casou com Giselma e teve dois filhos: Carlos Eduardo era o mais novo. As brigas constantes do casal levaram ao fim um relacionamento de 20 anos, mas, segundo o filho, Giselma nunca aceitou a separação.

“Sempre foi uma relação muito dificil entre os dois, de discussões dentro de casa, gritaria de virar a madrugada discutindo”, diz Carlos Eduardo. Humberto saiu de casa no fim de 2007 e namorou outras mulheres.

“Primeiramente a polícia imaginou se tratar de um latrocínio, mas no porta-malas do carro tinha uma valise com cheque, dinheiro e cartões”, disse o promotor do júri, José Carlos Cosenzo.

Logo nos primeiros dias da investigação, Giselma começou a apresentar um comportamento suspeito, de acordo com a promotoria.

Cosenzo afirma que quando saiu o mandado de busca e apreensão para apreender os computadores e telefones, a empresária recebeu a polícia, mas tentou jogar um chip de telefone na privada. “De repente ela disse: ‘estou com vontade de ir no banheiro’. Abaixou, tirou o chip do celular e jogou na privada”, conta o promotor.

A investigadora conseguiu puxar esse chip de dentro da bacia da privada. O chip foi a primeira pista que ajudou a polícia a desvendar o crime. A partir dele, os investigadores rastrearam uma rede de ligações telefônicas. E identificaram a quadrilha responsável pela morte de Humberto Magalhães.

Segundo a promotoria, Giselma contratou Kairon, que é ex-presidiário. Kairon contratou Osmar que era uma pessoa que trabalhava como segurança. E Osmar contratou Paulo, apontado como executor. No primeiro momento, Giselma negou conhecer Kairon. Mas, ao comparar os documentos dos dois, a polícia teve uma surpresa. “Foi verificado que eles eram irmãos. De pais diferentes, mas era a mesma mãe”, disse o promotor.

“Acredito que ela mandou assassinar o meu pai por interesse financeiro. Ela não queria dividir o patrimônio que ela tinha com o meu pai com outra pessoa”, diz Carlos Eduardo.

Descoberta, Giselma tentou incriminar o próprio filho. “Ela, através das ligações que fazia para pessoas, meio que tentava jogar culpa para mim. Dizia que tinha medo porque eu talvez pudesse estar envolvido”, diz Carlos Eduardo.

A polícia chegou a suspeitar do filho do empresário, mas o rastreamento do aparelho celular dele levou à prisão de Kairon, que entregou todo o esquema.

Giselma ficou presa preventivamente por um ano e seis meses na Penitenciária Feminina de Santana, na Zona Norte de São Paulo. A decisão pela soltura de Giselma foi do Supremo Tribunal Federal (STF). O ministro Celso de Mello concedeu a liminar no dia 27 de setembro, após analisar o pedido de habeas corpus impetrado pelo advogado da ré, Ademar Gomes.

O Fantástico tentou falar com Giselma, mas ela não atendeu às ligações. Carlos Eduardo tem pouco contato com a mãe. Se falam raramente e só para tratar da venda de bens da familia. Os dois homens contratados para matar o empresário já foram condenados: pegaram 20 anos de cadeia cada um. Carlos Eduardo espera que Giselma seja condenada pela morte do pai dele. “Infelizmente foi ela que mandou fazer isso. O que eu queria realmente era não ter uma mãe que fosse uma assassina”, afirmou.

G1

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