A França está preparada para receber cerca de 24 mil refugiados nos dois próximos anos, dos 120 mil que prevê a Comissão Europeia para o conjunto da UE, dentro do chamado “mecanismo permanente e obrigatório” proposto por Paris e Berlim.
Hollande estimou em cerca de 60 mil o número de pedidos de asilo político que a França receberá ao longo deste ano. Além disso, propôs a realização de uma conferência internacional sobre os refugiados em Paris e destacou a necessidade da criação de centros nos países de origem para poder evitar “essa crise humana”.
“Devemos fazer frente ao fluxo de migrantes com humanidade e responsabilidade. Mais de 300 mil pessoas cruzaram o Mediterrâneo neste ano para chegar à Europa, três vezes mais do que no ano passado. É muito, é uma crise dramática, mas que pode e será controlada”, afirmou Hollande.
O presidente francês também reiterou o “mecanismo permanente e obrigatório” que propôs à Comissão Europeia (CE) junto à chanceler da Alemanha, Angela Merkel.
“A palavra importante é obrigatório. É o que marca a diferença entre o que foi feito até agora e o que não foi feito nos últimos meses”, frisou.
Espanha
Também nesta segunda, o ministro das Relações Exteriores da Espanha, José Manuel García-Margallo, garantiu que o país fará o esforço que for necessário para assumir “a cota máxima” de refugiados que lhe corresponda e disse que espera que a Comissão Europeia faça nesta quarta-feira (9) uma proposta “integral e compreensiva”.
García-Margallo fez estas declarações na entrevista coletiva que deu junto com seu colega iraniano, Mohamad Javad Zarif, no Ministério das Relações Exteriores em Teerã.
Está previsto que a Comissão Europeia (CE) proponha aos países-membros na próxima quartaa distribuição de outros 120 mil refugiados dos milhares que chegaram à Hungria, Grécia e Itália, que se somam às 32.256 pessoas que já se comprometeram a receber em julho, com a incógnita ainda de se os parceiros aceitarão um sistema de cotas obrigatórias.
Sobre a cota que corresponde à Espanha, o García-Margallo fez menção à reunião da comissão responsável formada por outros sete ministros do governo do país, entre eles o titular da Fazenda e Administrações Públicas, Cristóbal Montoro.
“Qualquer compromisso de amparada de refugiados deve ir acompanhado da posta de recursos e meios necessários para lhes proporcionar uma vida digna”, ressaltou García-Margallo, que disse que a questão orçamentária não corresponde a seu ministério.
O chefe da diplomacia espanhola, em visita oficial ao Irã junto aos ministros do Fomento, Ana Pastor, e da Indústria, José Manuel Soria, assinalou que a UE deve ter um papel “muito mais ativo e generoso” na solução desta crise de refugiados já que se trata de um assunto de direitos humanos e que a imagem do bloco “está sofrendo” na região do Oriente Médio.
“Essa perda de imagem pode se transformar, provocar, gerar mais extremismo e mais violência”, disse García-Margallo, garantindo que a Espanha está disposta a fazer o “máximo esforço” de solidariedade para amenizar a tragédia.
A Síria, com uma população de 22 milhões de habitantes, tem 7,6 milhões de deslocados internos e mais de 4 milhões de refugiados – cerca de 2 milhões na Turquia, mais de 1 milhão no Líbano, 629 mil na Jordânia, 132 mil no Egito e 276 em outros países.
Com mais de 250 mil mortos desde o início do conflito há mais de quatro anos, o país tem 12,2 milhões de pessoas que precisam de ajuda humanitária imediata.
Por isso, García-Margallo defendeu a adoção de todas as medidas para acabar com o conflito sírio o mais rápido possível.
“Seja qual plano que se adote, o importante é acabar com essa situação que se traduz em uma maior presença do Daesh (Estado Islâmico), o inimigo a ser batido, e em tragédias humanas como as que estamos vendo”, acrescentou.
“A UE tem que honrar os princípios éticos que inspiram o projeto europeu e fazer um esforço maior na assistência aos refugiados que estão em uma situação desesperada. A Espanha tomará parte nesse esforço, assumindo a cota máxima que pudermos atender”, disse.
Após reiterar que nada que os países europeus fizerem será suficiente para resolver a tragédia, dada a magnitude do problema, García-Margallo afirmou que a CE deve apresentar uma “proposta integral e compreensiva” que trate todos os aspectos em política de asilo e ir às raízes do problema: a pobreza na imigração e os conflitos bélicos nas perseguições que geram os refugiados.