Depois de se tornar o primeiro latino-americano e o primeiro jesuíta no trono de Pedro, Francisco conseguiu outro feito inédito, bem mais pop: ser o primeiro papa a aparecer na capa da revista americana “Rolling Stone”. Fundada em 1967, a publicação quinzenal, focada em cultura popular e política, é mais conhecida por estampar na capa ídolos do rock como Bob Dylan e Paul McCartney -ou, mais recentemente e de modo polêmico, Dzhokhar Tsarnaev, acusado do atentado à Maratona de Boston em abril de 2013.
O texto do editor-contribuinte Mark Binelli, enviado da “Rolling Stone” ao Vaticano, descreve como “revolução delicada” as mudanças implantadas por Francisco desde que assumiu o papado, em março do ano passado. Também cita a irritação que as declarações do papa têm provocado em setores da direita americana, como o comentarista Rush Limbaugh, que chamou de “puro marxismo” a ideia de que a “cultura da prosperidade” torna as pessoas indiferentes à miséria dos setores mais pobres. Segundo o site da revista, “o papa Francisco está fazendo mudanças notáveis na tradição do Vaticano, encarando questões políticas e apresentando uma atitude mais inclusiva perante os direitos humanos -e (…) os católicos estão gostando disso”.
A “Rolling Stone” destaca ainda o fato de Francisco ter optado por não morar no palácio papal, usar um Ford Focus em vez de uma limusine para circular pelo país e pagar por sua hospedagem. Compara também o pontífice ao seu antecessor, Bento 16, que renunciou em fevereiro do ano passado -para a revista, Francisco tem um ponto de vista “mais flexível” em relação à homossexualidade e mais atuante na investigação de corrupção e no combate a casos de pedofilia.
“Francisco já está mudando a igreja de verdade por meio de suas palavras e seus gestos simbólicos”, disse à “Rolling Stone” o teólogo -e também jesuíta- Thomas Reese, analista da revista “National Catholic Reporter”. “Ele poderia ficar sentado no escritório, estudando o cânone, e começar a mudar leis e regulamentações. Mas não é isso que as pessoas querem que ele faça”, afirma Reese.
Correio