A comoção tomou conta do local. Não havia uma única pessoa que não estivesse tocada e compungida em seu coração. Havia choro para todo lado e expressões de dor e tristeza. Mas o que vi e apreendi ali foi um pouco mais que isso.
Ali vi a mais pura demonstração de solidariedade humana diante da dor. Autoridades e ex-autoridades, inúmeros profissionais de saúde e de diversas outras atividades se misturavam às pessoas do povo, gente simples e agradecida por um dia ter sido atendida por aquele que, repetidas vezes, ouvi pessoas ali dizerem ser mais que um profissional, sobretudo um ser humano admirável. Todos eles se reuniram, e ali se fizeram iguais na dor da separação de alguém querido, em um espaço que se tornou pequeno obrigando muita gente a se espremer em plena avenida, assim como parte da encosta em frente ao local, que ficou tomada pelo povo. Ruas inteiras tiveram que ser obstruídas para dar espaço a centenas de carros estacionados.
Havia pessoas de Juazeiro, Petrolina e inúmeras outras cidades. Todas movidas pelo mesmo sentimento de pesar e dor. Estava ali uma multidão que não era de meros curiosos, mas em sua maioria gente que foi um dia, de alguma forma, ligada à vida do jovem médico que partira. Eram parentes, amigos, colegas ou anônimos pacientes que ele atendera com amor e denodo. Estavam lá para o último adeus àquele que um dia cuidou deles com muito atenção e carinho.
Pus-me a pensar no que esse rapaz tinha de tão especial. Ouvindo as pessoas cheguei à conclusão que era o modo como ele lidava com as pessoas as enxergando como tais. Ele não as tratava como meros clientes/pacientes, mas antes como seres humanos que estavam diante dele buscando mais que um tratamento, uma palavra de ânimo, conforto e quem sabe de esperança. E isso, eu mesmo pude testemunhar por duas vezes. Ele era muito atencioso mesmo.
Queira Deus que surjam outros profissionais à semelhança do Dr. Márcio Espínola. Que deixem uma marca com as suas vidas de tal forma marcante que ao partirem um dia dessa Terra deixem de fato saudades em muitos corações e sirvam de inspiração às gerações que lerão e ouvirão sobre eles. Fica o exemplo aos profissionais em atividade e em formação: Sejam mais humanos no trato com as pessoas, pois isso conta e muito na vida dos pacientes.
Espero que ninguém se sinta ultrajado ou ofendido com minhas palavras, mas que antes se inspirem nesse bom profissional e excelente ser humano que parte na flor da mocidade, deixando após si um rastro de serviço e sensibilidade. Que Deus console toda a família e amigos que sofrem com essa perda e nos ajude a compreender o incompreensível e aceitar o inaceitável aos nosso olhos. Shalom.


