Ministro do STF remeteu informações prestadas pelo tucano para Janot. PGR quer apurar se senador tentou esconder mensalão mineiro em CPI.
O ministro Gilmar Mendes, do Supremo Tribunal Federal (STF), enviou nesta quarta-feira (25) o segundo pedido de abertura de inquérito feito para investigar o senador Aécio Neves (PSDB-MG), presidente nacional do partido, para reanálise do procurador-geral da República, Rodrigo Janot.
Janot havia encaminhado a solicitação de instauração de investigação, com base na delação premiada do senador cassado Delcídio do Amaral (sem partido-MS), para apurar se houve atuação de Aécio na tentativa de esconder o mensalão mineiro na CPI dos Correios.
Após analisar o pedido de abertura de inquérito, o ministro Gilmar Mendes remeteu informações prestadas por Aécio Neves para que Janot reavalie o pedido de investigação.
No último dia 12, o ministro já havia enviado outro pedido de inquérito, sobre participação de Aécio em suposto esquema de corrupção em Furnas, para reavaliação da Procuradoria Geral da República. Mendes chegou a abrir inquérito no caso Furnas, mas, diante de informações prestadas por Aécio, suspendeu a coleta de provas autorizada e pediu uma reavaliação.
O segundo pedido feito por Janot, que agora será reanalisado, também tem como alvos o deputado federal Carlos Sampaio (PSDB-SP) e o prefeito do Rio de Janeiro, Eduardo Paes (PMDB). Os três são suspeitos, segundo a PGR, de tentar esconder dados sobre o mensalão mineiro durante a CPI dos Correios, em 2005, que investigou o mensalão do PT.
O que disse Delcídio
No termo de colaboração 18 de Delcídio do Amaral, ele indica irregularidades para maquiar dados do Banco Rural em relação ao mensalão mineiro durante a CPI dos Correios, em 2005, que investigou o mensalão do PT. Delcídio do Amaral era presidente da CPI.
Segundo a delação de Delcídio, quando surgiram pedidos de quebra de sigilo contra o Banco Rural integrantes do PSDB ficaram incomodados. Que o então governador de Minas, Aécio Neves, enviou pedido pelo então secretário-geral do PSDB, Eduardo Paes, para prorrogar prazos de entrega das quebras.
O senador cassado falou que, além de Aécio e Paes, o deputado Carlos Sampaio também sabia da maquiagem dos dados. Segundo ele, o relatório final da CPI dos Correios “foi feito com base nestes dados maquiados”.
Defesa de Aécio
Em pedido já enviado ao STF para arquivar a investigação, a defesa nega tentativa de Aécio de influenciar as investigações da CPI. Argumenta, por exemplo, que um pedido para prolongar o prazo de entrega de dados pelo Banco Rural “jamais” foi protocolado.
Além disso, nega que reunião entre Delcídio e Aécio em junho de 2006 tenha tratado do assunto, já que a CPI não mais existia nessa época.
“O então presidente da CPMI [Delcídio] não foi fidedigno aos fatos ao contar sua história, o que faz cair por terra suas imputações aleatórias”, diz o pedido de arquivamento.
G1