Os governadores do Nordeste divulgaram uma carta aberta ontem em que declaram receber com “espanto e profunda indignação” a declaração do presidente Jair Bolsonaro (PSL) a respeito das gestões da Paraíba e do Maranhão, comandadas respectivamente por João Azevedo (PSB) e Flávio Dino (PCdoB). Em um vídeo que circula nas redes sociais, o presidente aparece afirmando que “daqueles ‘governadores de Paraíba’, o pior é o do Maranhão. Não tem que ter nada com esse cara”. “Recebemos com espanto e profunda indignação a declaração do presidente da República transmitindo orientações de retaliação a governos estaduais, durante encontro com a imprensa internacional”, declaram os governadores, na carta. “Aguardamos esclarecimentos por parte da presidência da República e reiteramos nossa defesa da Federação e da democracia”, completam.
A deputada federal Lídice da Mata, presidente do PSB na Bahia, classificou o chefe do Governo Federal como “preconceituoso”. “Isso mostra o comportamento de um presidente preconceituoso, que persegue adversários e mentiroso, pois em sua posse ele disse que governaria para todos os brasileiros. São 200 dias que o povo do Brasil só tem a lamentar, pois Jair Bolsonaro bate recorde de retrocessos e de medidas ruins para o País”, declarou. A presidente nacional do PT, Gleisi Hoffmann, também condenou a fala: “Dizer que Flavio Dino é o pior governador não é exatamente ruim, afinal o parâmetro de gestão de Bolsonaro é a elite. Já Dino, os que mais precisam. Bolsonaro não está à altura do cargo. É um homem xenófobo e preconceituoso, e odeia o Nordeste”.
Os dois governadores citados também se manifestaram. “Disputa eleitoral é uma coisa, governar, é outra. Um presidente, quando eleito, precisa ser o chefe da nação a serviço de todos. Este áudio vazado do presidente Jair Bbolsonaro é inacreditável. Esta postura deveria ser rechaçada até por seus aliados”, escreveu Dino. Já Azevedo disse que Bolsonaro feriu os princípios básicos da unidade federativa e suas relações institucionais. “A Paraíba e seu povo, assim como o Maranhão e os demais estados brasileiros, existem e precisam da atenção do Governo Federal independentemente das diferenças políticas existentes”, respondeu.
Tribuna da Bahia