Iniciada no dia 26 de fevereiro, a greve dos vigilantes da Bahia divide opiniões da população em Juazeiro. De um lado cerca de 40 mil trabalhadores em todo o estado que lutam para o cumprimento da Lei 12.740/2012, sancionada pela presidente Dilma Roussef, de outro, os usuários das instituições bancárias, hospitais e escolas que utilizam o serviço de vigilância terceirizada, e estão preocupados com a insegurança nesses locais sem a presença dos vigilantes.
Em Juazeiro três mil vigilantes pararam suas atividades e reivindicam o reajuste de 30% garantido por Lei. Para o professor e correntista de um banco da cidade, Paulo Coelho Barreto Filho, o movimento é legítimo e se existe a Lei ela deve ser cumprida. “Os vigilantes reivindicam o que está assegurado a todo trabalhador. Eles arriscam as suas vidas para defender o patrimônio e a vida de outras pessoas colocando as suas próprias em risco. O objetivo da greve é que se cumpra a Lei”, opinou.
Francisco de Assis Araújo de Souza fala sobre a demora nas negociações e suas consequências. “Quem depende da movimentação bancária é o maior prejudicado, ou seja, o cliente dos bancos, porque sem segurança evitamos depósito ou saques com medo de sermos assaltados”, explicou. Luciana Pereira que também tentava fazer transações bancárias informou que com a greve, até os caixas não estão sendo abastecidos. “Fui a um banco tentar receber meu salário, mas os caixas eletrônicos estão vazios. Temos dinheiro a receber e não podemos”.
A comerciária Sandra de Souza defende a iniciativa da categoria que segundo ela, está em busca de melhorias. “Ninguém trabalha bem se estiver insatisfeito, principalmente se sua vida corre risco. Acredito que o movimento é válido e a classe patronal tem que cumprir a lei”, salientou.
Os grevistas afirmam que o movimento vai continuar até que o caso seja resolvido no Tribunal Regional do Trabalho – TRT/5ª Região. “A categoria teve uma reunião ontem (28) de conciliação intermediada pelo TRT em Salvador e os representantes dos sindicatos e nada foi resolvido. Outra reunião foi agendada para a próxima quinta-feira (07) na capital e até lá continuaremos parados”, afirmou o vigilante Damião da Silva.
De acordo com informações do delegado sindical de Juazeiro, representante do Sindicato dos Vigilantes do Estado da Bahia – Sindvigilantes/Bahia, Alberto Ferreira, como não houve acordo, a desembargadora Vânia Chaves marcou o julgamento do dissídio coletivo para a próxima quinta-feira, às 14 h, na Seção de Dissídios Coletivos do TRT da Bahia, no bairro de Nazaré, na capital baiana.
Caberá a desembargadora Sônia França, uma das integrantes da Seção de Dissídios do TRT-BA, sorteada como relatora, apreciar a liminar que requer da Justiça posicionamento quanto à legalidade e abusividade do movimento grevista. O processo, que tramita via Processo Judicial Eletrônico (PJE), tem como partes o Sindicato das Empresas de Segurança Privada do Estado da Bahia (Sindesp-BA) que ajuizou a ação, e outras três associações dos trabalhadores – Sindicato dos Vigilantes do Estado da Bahia (Sindivigilantes-BA), Sindicato Metropolitano dos Vigilantes (Sindmetropolitano) e o Sindicato dos Vigilantes de Itabuna.
“Queremos convocar os companheiros que estão em casa: venham fazer parte de nossa luta. O que estamos pedindo é que se cumpra a Lei que já foi sancionada pela presidenta. Essa causa já está ganha”, declarou.
Greve
A categoria dos vigilantes reivindica o pagamento do adicional de periculosidade de 30%, com base na Lei 12.740, sancionada em dezembro do ano passado, que estabelece aos profissionais em atividade de risco o direito à gratificação. O Sindesp-BA recusa-se a pagar o adicional, por falta de regulamentação da norma pelo Ministério do Trabalho, apesar de a lei já ter sido sancionada. Os vigilantes já recebem 18% do ”adicional de risco” previsto na última convenção coletiva vigente.
Por Iana Lima




