O Hospital da Universidade Federal do Vale do São Francisco (HU-Univasf) é a única unidade de saúde pública da região do Vale do São Francisco referência para os atendimentos de urgência e emergência de neurologia e neurocirurgia de alta e média complexidade. No ano de 2015, o hospital passou a ser administrado pela Empresa Brasileira de Serviços Hospitalares (Ebserh) que viabilizou a contratação de mais profissionais e a liberação de recursos financeiros.
Os mais de 4 milhões de reais investidos, entre anos de 2016 e 2017, proporcionaram a reestruturação do centro cirúrgico com a aquisição de equipamentos de ponta como: microscópio neurocirúrgico; arco cirúrgico, equipamento de radiografia que permite a obtenção de imagens digitais do paciente em tempo real, a partir de diferentes perspectivas durante a cirurgia, e um aspirador ultrassónico, utilizado na remoção de tumores cerebrais e do sistema nervoso central.
As melhorias no aparato tecnológico vêm contribuindo para a potencialização do serviço de neurocirurgia. Entre os meses de janeiro e setembro de 2017, foram realizadas 340 neurocirurgias, uma média de 38 por mês. Este número já superou o ano de 2015, quando ocorreram 327 cirurgias, e está próximo de alcançar e ultrapassar as 388 feitas em 2016. Os números se tornam ainda mais significativos quando se considera o alto grau de complexidade desses procedimentos, uma vez que, geralmente, uma cirurgia desta especialidade dura no mínimo quatro horas.
O número de atendimentos ambulatoriais também tem crescido de forma relevante. De janeiro a setembro deste ano, prestou-se 1.182 atendimentos de neurologia e 1.002 de neurocirurgia.
Benefícios para a vida dos pacientes
Gradativamente, os pacientes da lista de espera por cirurgias eletivas vêm sendo chamados para realizar seus procedimentos cirúrgicos, graças à agilidade com que a equipe vem conseguindo operar os casos de urgência e emergência que resultam em internamentos.
“Temos os pacientes mapeados em uma lista que recebem acompanhamento ambulatorial. À medida que tivermos condições de operá-los, eles serão chamados de acordo com a gravidade do caso e o tempo de espera. Ainda não é a quantidade que nós gostaríamos, mas já consideramos uma vitória, tendo em vista que anteriormente a fila só crescia. Continuamos caminhando, procurando sempre oferecer o melhor atendimento à população”, explicou o chefe da Unidade Neuromuscular, Ricardo Brandão.
A professora Idilma Cristiane de Brito Carvalho (38), da cidade de Casa Nova (BA), se encontrava na fila aguardando uma cirurgia para tratar Malformação Arteriovenosa (MAV). Trata-se de uma patologia congênita caracterizada por uma alteração na formação dos vasos sanguíneos que pode se apresentar em diversas regiões do corpo. Na maioria das vezes, surge no desenvolvimento anormal do sistema vascular na vida embrionária e as causas dessas deformações ainda são desconhecidas.
“Sentia dores de cabeça muito fortes o tempo inteiro, perdia o sentido no trabalho, não acertava nem o caminho de casa. Não conseguia realizar as minhas atividades cotidianas”, contou Idilma. A paciente foi diagnosticada com Malformação Arteriovenosa em um hospital de Remanso (BA) e foi transferida para o HU-Univasf, onde ficou 27 dias internada sendo medicada e acompanhada pela equipe até apresentar as condições clinicas adequadas para passar pelo procedimento cirúrgico. Posteriormente, ela foi liberada para aguardar em casa a sua cirurgia. Ela passou por uma operação delicada para correção das más formações para evitar o surgimento de novas hemorragias cerebrais.
O HU-Univasf vem realizando cada vez mais procedimentos neurocirúrgicos de alta complexidade como o da professora Idilma e, consequentemente, vem diminuindo o número de transferências de pacientes para grandes centros como Recife (PE) e Salvador (BA). Atualmente, cerca de 95% dos casos são atendidos no próprio hospital.
A evolução proporciona qualificação aos residentes
O Programa de Residência Médica (PRM) de Neurocirurgia do HU-Univasf foi implementada em março de 2010, através de um acordo entre a Univasf e a Comissão Nacional de Residência Médica (CNRM).
Poucas instituições pelo país oferecem residências em neurocirurgia. Dos 39 hospitais da rede Ebserh somente 10 disponibilizam vagas para residentes na área. No Nordeste, este número cai para 03 e o HU-Univasf é a única unidade localizada em uma cidade no interior.
A residência leva um período de 05 anos para ser concluída. Dois profissionais já se formaram enquanto 05 vêm passando pelo programa atualmente. Um deles é o médico residente Heverty Alves Neto, natural de Juazeiro do Norte (CE), que escolheu o HU-Univasf devido à grande área atendida pelo hospital.
O residente avalia de forma positiva o desenvolvimento do programa no HU. “Houve um acréscimo de materiais e de tecnologias que tem facilitado a aplicação de novas técnicas cirúrgicas e agilizado os procedimentos. Estamos operando aneurismas, por exemplo, em uma semana. Antigamente demorava um pouco mais. A experiência tem sido satisfatória tanto para a gente, enquanto residentes, quanto para os pacientes”, afirmou.




