Conforme a redação da redeGN já havia informado, agora é a pura realidade: as vazões abaixo (jusante) das hidrelétricas aumentaram consideravelmente com as chuvas do período úmido no Alto São Francisco e atualmente, no caso de Sobradinho-Bahia subiram de 800m³/s e 1.100m³/s para o patamar de 1300m³/s (mil e trezentos metros cúbicos por segundo) e com isto a Ilha do Fogo, está inundada pelas águas do Rio São Francisco.
A foto mostra a Ilha do Fogo, um dos pontos turísticos de Petrolina e Juazeiro, completamente “tomada” pelas águas do Velho Chico. Na manhã desta sexta-feira, a redação da redeGn mostrou com exclusividade o relatório do Mapeamento Áreas Inundáveis-Submédio São Francisco, trecho entre Sobradinho, Juazeiro, Petrolina e Itaparica.
O documento trata do acordo de Cooperação Técnica entre a Chesf (Companhia Hidro Elétrica do São Francisco) e ANA (Agência Nacional das Águas). O documento teve como objetivo mapear a área ribeirinha e a dinâmica fluvial do Rio São Francisco, no trecho entre os Reservatórios de Sobradinho e Itaparica.
De acordo com o estudo as elevações periódicas de vazão do Rio São Francisco, que provocam o extravasamento das águas da calha principal do rio para suas áreas marginais, e a ocupação intensa e desordenada das várzeas inundáveis, geraram a necessidade de um conhecimento detalhado e espacializado da planície de inundação do Rio São Francisco.
Um dos pontos críticos apresentado se refere as residências construídas no bairro Angary, que de acordo com o relatório, construída indevidamente, localização irregular. Outro ponto observado é a Orla de Juazeiro, entre a Capitania Portos e a Ponte Presidente Dutra, a pista de cooper que dependendo do aumento da vazão também correm o risco de inundação.
Esse documento atende ao Compromisso de Ajuste de Conduta (CAC) estabelecido entre a Companhia Hidro Elétrica do São Francisco – CHESF e o Ministério Público Federal, através da Procuradoria da República no Município de Petrolina, em função de Ação Civil Pública.
Esse projeto é de interesse da sociedade ribeirinha do Vale do São Francisco, e atende ao Acordo de Cooperação Técnica, firmado entre a Companhia Hidro Elétrica do São Francisco (CHESF) e a Agência Nacional de Águas (ANA) e é utilizadas as orientações metodológicas.
Nesse contexto fica evidente o que as fotos já mostram: as inundações provocadas pelo Rio São Francisco e as áreas consideradas críticas como às zonas ribeirinhas urbanas dos municípios de Juazeiro e Petrolina, com destaque para a parte ribeirinha do Angary (Juazeiro) e o Balneário da Ilha do Rodeadouro.
Os resultados desse trabalho deveriam subsidiar a adoção de medidas estruturais preventivas e mitigadoras para melhorar a convivência da população com o rio, haja vista que seus principais produtos são mapas com a visão espacial da região estudada e o alcance das linhas d’água para as vazões.
“Aplicação de recursos passa a ser direcionada para solução e melhorias, não mais para paliativos e velhos problemas que se repetem”, acusa o relatório.
Em setembro de 2018 foi realizada uma reunião pública sobre as possíveis enchentes no Rio São Francisco e um dos temas foi exatamente as consequencias da elevação da vazão do rio São francisco, em destaque para as residências, e pontos comerciais construídos abaixo da dique de proteção. A reunião foi promovida pelo Comitê da Bacia Hidrográfica do rio São Francisco e a Câmara Consultiva Regional do Alto São Frsobre o rio São Francisco, na época o tema foi considerado como um foco curioso: debater os riscos provocados pelas inundações na bacia hidrográfica, afinal naquele ano o rio ainda sofria os impactos da longa estiagem considerada uma das mais severas dos últimos 10 anos.
Na oportunidade o presidente do Comitê da Bacia Hidrográfica do São Francisco (CBHSF), Anivaldo de Miranda destacou a importância de se discutir a prevenção de enchentes. “Esse é o momento certo, se você esperar que as águas cheguem aí não vai dar tempo para nada. Numa seca tão prolongada as pessoas ficam imaginando que não haverá mais cheia e no século do aquecimento global, as secas cada vez serão mais prolongadas e as cheias mais concentradas e destrutivas”, afirmou.
Segundo Anivaldo, na época, não é possível prever o acontecimento das cheias, por isso é necessário criar uma cultura de prevenção na região. Isso porque não há apenas perdas humanas e materiais, mas também destinação errada de verbas.
“Se você planejar, se você prevenir você evita a maior parte desses prejuízos. Cabe sobretudo às prefeituras municipais, o planejamento”, destacou o presidente do CBHSF.
RedeGN