Os restos mortais de duas mulheres assassinadas em Garanhuns, no Agreste de Pernambuco, pelo trio investigado de homicídios e ocultação de cadáveres, foram liberados neste sábado (14) pelo Instituto de Medicina Legal (IML) do Recife. De acordo com o IML, a identificação foi confirmada pelos parentes das vítimas. Um dos corpos já foi enterrado no município de Palmeirina, também no Agreste.
Os restos mortais foram encontrados pela polícia, na última quarta-feira (11), enterrados na casa onde viviam um homem de 50 anos e duas mulheres, de 23 e 52 anos. Os três suspeitos foram presos e confessaram os crimes. As duas mulheres estão detidas na Colônia Penal Feminina de Buíque, no Agreste. O homem foi transferido para um presídio no Recife.
O delegado Wesley Fernandes, responsável pelo caso, informou que não irá se pronunciar até a conclusão dos trabalhos. A polícia tem dez dias para concluir o inquérito, a partir da prisão dos suspeitos, mas o prazo pode ser prorrogado.
Nessa sexta-feira (13), duas pessoas se apresentaram à polícia como parentes da menina de cinco anos que vivia com o trio. Segundo a juíza da Vara Regional da Infância e da Juventude do município, Karla Peixoto Dantas, eles prestaram depoimento e deixaram material para a realização de testes de DNA, cujo resultado está previsto para ser divulgado em 20 dias. Enquanto isso, a criança permanece em uma instituição de acolhimento em Garanhuns.
“A lei prioriza que ela seja entregue à família extensa. Estamos todos empenhados em tentar localizar os parentes. Só se não houver comprovação de parentesco é que ela será inserida no cadastro nacional de adoção. Família substituta não é prioridade, esse não é nosso objetivo”, esclareceu.
A juíza explicou que duas certidões de nascimento foram encontradas. Ambas informam pais e avós diferentes. Em uma delas, o suspeito é apontado como o pai. De acordo com investigações policiais, a menina seria filha de uma mulher assassinada pelo trio em Olinda, no ano de 2008. Uma das suspeitas assumiu que usava o nome dessa mulher e dizia que a criança era filha dela.
Entenda o caso
Os suspeitos de cometer a barbárie formam um triângulo amoroso composto por um homem e uma mulher de 52 anos, que seriam casados, e uma jovem de 23. Em depoimento à Polícia Civil, eles disseram que usavam carne humana para produzir salgados, que eram vendidos à população e servidos como refeição, inclusive para a criança. Os suspeitos ainda confessaram guardar parte dos corpos das vítimas na geladeira.
De acordo com a polícia, os suspeitos falaram que faziam parte de uma seita, que pregava a purificação do mundo e a diminuição populacional. A meta seria matar três mulheres por ano. O homem suspeito de comandar o trio nos assassinatos fez um livro, ilustrado e registrado em cartório, onde conta detalhes dos crimes e da vida dele. Nas páginas, há informações de que ele era formado em Educação Física e faixa preta em caratê.
A polícia começou a desvendar o crime quando encontrou os restos mortais das mulheres na residência deles. Um dos dois corpos seria de uma mulher desaparecida desde fevereiro; o outro, de uma mulher de 20 anos, que sumiu no dia 15 de março. Depois de as famílias das vítimas prestarem queixa, a polícia localizou o trio quando uma fatura de cartão crédito chegou à casa de uma das vítimas. Imagens das câmeras de segurança de lojas onde as compras foram efetivadas mostravam os suspeitos.
As vítimas também teriam sido vistas perto da casa dos investigados antes de desaparecerem. A polícia conseguiu mandados de prisão e de busca e apreensão e, ao ser abordada, uma das mulheres teria assumido os crimes e revelado o local onde os cadáveres estavam enterradas. Segundo a polícia, a menina de cinco anos que morava com o trio testemunhou os crimes cometidos na casa. Em depoimento, ela contou que o pai teria cortado o pescoço das vítimas.
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