De acordo com as normas que regulamentam o sistema educacional no Brasil, a Educação Inclusiva no país busca atender a diversidade inerente à sociedade, visando perceber e atender as necessidades educativas especiais de todos os alunos. Dessa maneira, são em salas de aulas comuns, em um sistema regular de ensino, ou até mesmo em redes de aprendizado especial, que as regras são postas em prática, ou pelo menos deveriam.
Nesse contexto, é válido afirmar que a inclusão escolar requer prática pedagógica coletiva, multifacetada, dinâmica e flexível, exigindo mudanças significativas no funcionamento e na estrutura das escolas, de modo que haja uma adaptação do local conforme a necessidade de cada um. Assim, com esse objetivo, apesar do número ainda reduzido, hoje já encontramos escolas adaptadas, voltadas para a educação nesse segmento.
Com o intuito de atuar na avaliação e no acompanhamento psicopedagógico dos alunos com deficiência, na cidade de Petrolina (PE), o Núcleo de Apoio Psicopedagógico com Necessidades Especiais (NAPPNE) foi implantado no município em 1996 e regulamentado desde maio de 1999.
Com a equipe de 10 colaboradores, o NAPPNE atua em escolas do município com projetos e ações semanais, que incluem monitoramento através de visitas de acompanhamento e orientações nas escolas, feitas pelos profissionais de educação inclusiva. Ainda no núcleo, são ministrados cursos de libras e braile para turmas compostas pela comunidade em geral e outra para os servidores do município. Além de oferecerem atividades práticas para alunos com deficiência.
Além de Petrolina, na região do Vale do São Francisco, Juazeiro (BA) dá seus primeiros passos quando o assunto é inclusão educacional. Localizada no bairro Cajueiro, a Associação de Pais e Amigos de Excepcionais (APAE) é o único centro educativo, exclusivo, para alunos especiais portadores de síndromes, deficiência mental e física, no qual educa alunos conforme as necessidades apresentadas.
Ministrando aulas há dois anos na APAE do município, Raica Ohana acredita na importância desses centros educacionais na vida do educando. “Aqui, ensinamos a ler, escrever ou desenvolver outra atividade que procure ampliar e melhorar a capacidade física, motora e psicológica de cada um. Além de termos o intuito de humanizar a relação aluno/professor”, explica.
Ainda de acordo com a professora, o número de instituições que recebem alunos com qualquer tipo de deficiência, é muito reduzido em Juazeiro. “A escola Polivalente, onde eu também já ministrei aulas, é uma das poucas escolas que trabalha com a inclusão. Até hoje, lá só existe inclusão para deficientes auditivos e apenas um deficiente físico. Apesar de o Governo ter criado a lei que determina essa inserção, a demanda de professores ainda é pequena, e muitos ainda não dominam cursos básicos de inclusão, a exemplo do braile e libras”, afirma.
A nível superior, ainda em Juazeiro, a Universidade do Estado da Bahia (UNEB) não oferece estrutura física nesse sentido. No entanto, esse ano, a construção de um elevador fora das instalações internas, que teoricamente daria acesso dos cadeirantes à área interna, teve suas obras paralisadas.
Diante do exposto e da realidade aparente, as redes de ensino são muitas e a inclusão nessas instituições é mínima. Isso acontece talvez pelo motivo de ainda vivermos em um mundo de rótulos e estereótipos. A educação inclusiva é, acima de tudo, uma abordagem humanística, democrática, que percebe o sujeito e suas singularidades, tendo como objetivos o crescimento, a satisfação pessoal e a inserção social.
Por Catharine Matos