Haja emoção. Em julho a indústria praticamente devolveu os ganhos de junho – saiu de uma alta de 2,1% para uma queda de 2%, segundo calculo do IBGE. E assim, aos soluços, o setor industrial brasileiro caminha em 2013.
“Eu não me lembro de ver um período de tanta volatilidade. A indústria não cresce uniforme, mas sim aos soluços. Está melhor que no ano passado, claro. Mas o crescimento de agora está errático, nervoso, sem consistência”, avalia o economista Julio Almeida, do Instituto de Estudos para Desenvolvimento da Indústria (Iedi).
O próprio IBGE lista as causas que vêm contribuindo com um sobe e desce tão forte da indústria este ano. Para dentro dos portões das fábricas, os estoques estão elevados, as exportações andam devagar, e as importações estão mais caras. Do lado de fora estão o alto endividamento das famílias, o crédito para o consumo mais caro e mais restrito, a inflação pressionada e a confiança dos consumidores em queda.
Os dados de julho mostram que a queda foi mais disseminada entre os setores. O destaque negativo foi para a produção de bens de capital, que caiu 3,3%, com ajustes sazonais.
“Essa queda forte de bens de capital mostra o desânimo empresarial pós manifestações populares de junho. A confiança dos empresários medida pela FGV caiu muito e não se recuperou. Esse sobe e desce deixa o empresário com muitas dúvidas, ele fica reticente, sensível a qualquer mudança”, diz Julio Almeida.
Segundo o economista, o setor considerado núcleo da indústria brasileira vem caindo aos poucos há quatro meses – os produtos intermediários. Mais uma demonstração de que a indústria estaria se recuperando mas sem se fortalecer ao mesmo tempo. Almeida aponta dois fatores que podem ajudar um pouco o setor este ano: a desvalorização do real, que estimula as exportações, e os leilões de concessões públicas programado para este segundo semestre.
“Se as concessões forem bem, podem mudar o quadro de investimentos e de confiança ainda este ano. A desvalorização do real pode ser outro caminho. Mas ainda está tudo no reino das possibilidades”, avalia o economista do Iedi.
por Thais Herédia