A indústria do fumo se mobiliza para tentar adiar a aprovação da proposta da Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa), que quer acabar com ingredientes que dão aroma e sabor aos cigarros, como o de menta, chocolate e baunilha. Os fabricantes e fumicultores enviaram um manifesto à ministra-chefe da Casa Civil, Gleise Hoffman, em que pedem a criação de uma câmara técnica para debater o assunto por mais tempo. Eles também querem levar a discussão para o Congresso Nacional. No documento, o setor afirma que a retirada dos aditivos vai inviabilizar “a fabricação de 99% dos cigarros atualmente comercializados legalmente no Brasil”.
O American Blend, espécie de mistura de tabaco, é o tipo mais usado no país. De acordo com os fabricantes, esse fumo exige a adição de açúcar – cerca de 25% é perdido durante a secagem da folha – e de outros ingredientes, como flavorizantes, para que se consiga a conservação e umidade adequada no cigarro. “[A Anvisa] Só está permitindo tabaco, água e a embalagem de papel. Isso vai criar um produto totalmente inviável de ser comercializado, porque proíbe os ingredientes que garantem a estabilidade e a harmonia do produto”, argumenta o diretor executivo da Associação Brasileira da Indústria do Fumo (Abifumo), Carlos Galant, que chamou a proposta da agência reguladora de “radicalizada”.
Segundo a Anvisa, estudos científicos mostram que os cigarros com sabor estimulam jovens e adolescentes ao hábito de fumar, por serem doces. A Anvisa baseou sua decisão na experiência do Canadá, que baniu os aditivos.