No momento em que o Conselho de Ética do Senado escolhia um relator para o processo em que Demóstenes Torres é acusado de ferir o decoro parlamentar por aliança com Carlos Cachoeira, chegava ao colegiado o texto final do requerimento para a criação de uma comissão parlamentar mista de inquérito para investigar práticas criminosas que envolvem esse empresário e agentes públicos e privados. Trazido pelo senador Walter Pinheiro (PT-BA), o requerimento se destina à criação de CPMI para, no prazo de 180 dias, investigar os ilícitos desvendados pela Polícia Federal nas operações Vegas e Monte Carlo. O requerimento afirma ainda que as providências serão conduzidas sem prejuízo de que sejam acrescentados novos fatos que se ligarem intimamente ao objeto principal da investigação.
Para Pinheiro, é necessário que o País conheça os pormenores do inquérito, porque ele não trata apenas das ligações entre o senador goiano e o bicheiro. “O inquérito traz uma série ainda não mensurada de informações sobre a infiltração da quadrilha de Cachoeira em distintas esferas de poder, e precisamos conhecer o que a Polícia Federal investigou”, disse Pinheiro. Segundo ele, o trabalho do Senado não deve se limitar ao caso Demóstenes, mas apurar como operava rede de espionagem, achaques, e chantagens montada por Carlos Cachoeira.
Assim que chegou, o documento passou a ser subscrito pelos integrantes do Conselho de Ética. Para ser criada, é necessário que a CPMI tenha o apoio de 171 deputados e 27 senadores. O requerimento de criação da comissão fixa em R$ 200 mil o limite das despesas a serem realizadas no trabalho de investigação. No documento, considera-se haver “indícios de que é dilatado o espectro de ilicitudes que envolvem a pessoa de Carlos Augusto Ramos”. E afirma-se que “seu tentacular envolvimento com o poder público pode levar a perigoso comprometimento do fundamento republicano e da credibilidade das instituições, sob a égide do Estado Democrático de Direito”.