Intervenções artísticas mudam a paisagem urbana da cidade

Por Caio Alves
Fotos: Caio Alves/ Arquivo pessoal

Quem anda pelas ruas do centro ou pela orla dois de Juazeiro deve ter percebido algo de novo nas paredes da cidade. O colorido chama a atenção de quem passa, e algumas pessoas param para apreciar as pinturas, e outras com pressa só dão uma olhadinha e seguem o seu caminho. O Diário da Região foi atrás e acabou descobrindo a autora dessas artes, que estão mudando a aparência da cidade.
A artista visual e petrolinense, Lys Valentim, é uma das pessoas que vêm propagando suas pinturas pelo centro da cidade. Com mais de dois anos realizando intervenções artísticas, Lys contou que já trabalhou em outras cidades. “A maioria dos trabalhos que fiz está em Juazeiro, mas há outros feitos em Recife e Petrolina”, conta.
As obras da artista chamam atenção pelo colorido e pela grandiosidade de detalhes. Uma das suas obras que são bastante destacadas e comentadas pela população é a do arco da ponte, em frente à Praça da Bandeira. A intervenção foi realizada em parceria com a também artista visual Pollyana Mattana.
O estudante petrolinense Fernando Alves é um admirador das obras, e diz que quando está por Juazeiro faz questão de registrá-las. “São muito criativas essas intervenções, e incentiva a população a valorizar a arte, e enriquece a cidade”, explica o estudante.
Já o estudante universitário David Werson acha que as intervenções como as que Lys faz são válidas para mudar um pouco o cotidiano da cidade, deixando-a mais viva. “Prefiro as pinturas ao invés de cartazes de propagandas que são pregados nas paredes da cidade, e essas pinturas me instigam a pensar sobre o seu significado”, explica David.

Segundo Lys a arte que ela espalha pela cidade é da necessidade de colocar pra fora o que ela sente e de compartilhar uma ideia. “Cada desenho é como um desabafo. Alguns veem como sussurros, outros como gritos. Eu faço grafite pela necessidade de colocar pra fora o que sinto, de compartilhar um sentimento ou uma ideia, como quem conversa com um amigo. Porém, a utilização dos muros não funciona apenas como suporte para registro de meus pensamentos. Depois de pintados tornam-se imãs de olhares e geradores de reflexões,” salienta.
O material utilizado pela artista, dos pincéis às tintas, é custeado por ela mesma. E nos disse que a pergunta mais frequente é se alguma empresa ou órgão público financia o seu trabalho. “Quando saio pra pintar uma das perguntas mais frequentes feitas pelos passantes é que se alguma empresa ou órgão público financia meu trabalho, e ao ouvir que faço por conta própria eles ficam admirados. ‘Parabéns pela iniciativa, é um trabalho muito bonito.’ Quando escuto isso ganho o dia”, diz Lys.

Lys explicou que prefere locais abandonados e esquecidos para realizar as suas obras, para ela é uma maneira de dar vida ao local, como por exemplo, o arco da ponte. “Gosto de dar vida ao que as pessoas acham que está morto. Atrair olhares para o que antes passava despercebido, embora esse não seja o motivo da nossa iniciativa, o que fizemos acabou sendo um trabalho de revitalização de um espaço que antes era visto de forma negativa por conta da criminalidade que cerca aquele local”. E conclui: “Como na maioria são lugares abandonados ou degradados, não pedimos autorização. Apenas chegamos e mandamos tinta”.
A artista explica que seus desenhos são tirados do seu livro de esboço, ou que cria na hora. “Cada um deles transporta pra parede algo que queira passar, algo que senti ou estou sentindo. Há um grafite que fiz na orla, onde há um barquinho indo embora, dialogando com a paisagem do rio. Esse eu chamo de ‘Deixar ir’, que assim como outros trabalhos tratam do desapego que devemos ter com as coisas que perdemos ou temos que abrir mão em nossas vidas”, explicou.
Lys está trabalhando com alguns projetos, dentre eles uma exposição individual e alguns desenhos especiais. “Que logo estarão por aí, perdidos em muros de Petrolina e Juazeiro”, conclui.








