O Brasil foi criticado por não apresentar dados sobre substâncias entorpecentes e psicotrópicas dentro de prazo hábil para análise da JIFE (Junta Internacional de Fiscalização de Entorpecentes), órgão independente que fiscaliza a obediência de países aos tratados internacionais sobre controle de drogas.
“Em 2011, vários governos deixaram de fornecer o relatório estatístico anual requisitado em tempo hábil, incluindo os governos de alguns países que são os principais fabricantes, exportadores, importadores e usuários de entorpecentes, como Austrália, Brasil, Canadá, Índia, Japão e Reino Unido.”
“A apresentação tardia dos relatórios estatísticos anuais, especialmente por parte dos principais países fabricantes e comerciantes, atrasa a análise de tendências globais realizada por esta Junta. Ela também torna difícil a elaboração, por parte da Junta, do relatório anual e das publicações técnicas”, diz trecho do relatório apresentado hoje em todo o mundo.
Segundo a assessoria de imprensa da UNODC (Escritório das Nações Unidas sobre Drogas e Crime), que organiza a divulgação desses dados no Brasil, as informações gerais mais recentes sobre consumo de drogas no país são de 2005 –o que deixa a informação sobre o Brasil mais defasada que a fornecida por Argentina, Chile, Paraguai e Uruguai.
Dentre as poucas informações destacadas no relatório sobre o Brasil estão o percentual de cannabis usada no país de origem doméstica (20%) e o total dessas plantas destruído em 2010 por autoridades nacionais (2,8 milhões).
O documento ainda destaca o aumento relatado de apreensões de cocaína no país (27,1 toneladas em 2010).
São citadas duas políticas brasileiras que impactam no tráfico e no uso de drogas ilícitas: a implantação de centros de referência regional em treinamento de saúde contra o crack e as “unidades de pacificação” do Rio de Janeiro.
“O governo tem procurado tomar o controle de gangues armadas nas favelas por meio da realização de uma série de ataques de alto nível, utilizando uma combinação de policiais e militares para prender os líderes destas gangues e instituir o Estado de Direito (…) tem se tentado enfrentar a base de poder das gangues ligadas ao crime organizado e construir um senso de confiança entre a polícia e a população local de forma a aumentar a segurança e a proteção das pessoas que vivem nestas áreas”, descreve o documento.