A Justiça Federal aceitou a denúncia contra o ex-diretor da área internacional da Petrobras Jorge Luiz Zelada e mais cinco pessoas: Eduardo Costa Vaz Musa, gerente da área internacional da estatal, o executivo Hsin Chi Su, conhecido como Nobu Su; João Augusto Rezende Henriques, Hamylton Pinheiro Padilha Júnior e Raul Schmidt Felippe Júnior – os três últimos acusados de negociar a repassar US$ 31 milhões em propina, metade dos quais ao PMDB. Todos agora são réus no processo e responderão por corrupção e lavagem de dinheiro.
Ao aceitar a denúncia do Ministério Público Federal, o juiz Sérgio Moro, da 13ª Vara Federal, afirmou que não há prova ou informações de como os valores teriam sido repassados por João Henriques ao PMDB e, portanto, não há na ação qualquer pessoa com foro privilegiado, o que tornaria necessário remeter a denúncia ao Supremo Tribunal Federal (STF).
Zelada e Musa teriam aceitado receber propina de Hamylton Padilha e Nobu Su para favorecer a contratação da empresa Vantage Drilling Corporation no afretamento do navio-sonda Titanium Explorer, por US$ 1,816 bilhão. O pagamento da propina, no entanto, não foi feito pela americana Vantage, intermediária do afretamento e que se recusou a pagar propina. Por isso, foi negociado diretamente com a proprietária da embarcação, a Taiwan Maritime Transportation, comandada por Nobu Su.
O contrato foi fechado em 2009 e parte da propina foi repassada a Hamylton Padilha, que pagou os dois funcionários da Petrobras. Henriques que se encarregou de distribuir a parte do PMDB.
Nobu Su usou uma das subsidiárias do grupo TMT para pagar a propina, a Valencia Drilling Corporation, sediada nas Ilhas Marschall. Foi esta empresa que firmou contrato de US$ 15,5 milhões com a off-shore Oresta Associated, em Belize, de Hamylton Padilha. A Oresta recebeu US$ 10,85 milhões – a diferença não teria sido paga – e repassou dinheiro para Musa e Raul Schmidt.
A parte de Jorge Luiz Zelada teria sido transferida por Raul Schmidt para a conta em nome da off-shore Tudor Advisory, no banco Lombard Odier, na Suíça. O então diretor da estatal teria aberto a conta especialmente para receber a propina e, em seguida, transferiu para outra conta, da off-shore Rockfield International, que mantinha no Principado de Mônaco.
A segunda metade da propina foi para Henriques, mas o MPF não dispõe de informações sobre como o dinheiro foi pago. Em seu primeiro depoimento à Polícia Federal, Henriques negou as acusações.
Moro lembrou que um relatório de auditoria interno da Petrobras mostrou diversas irregularidades na contratação do navio-sonda. Embora a área técnica tenha colocado em dúvida a necessidade do navio-sonda, a licitação foi feita. A Vantage não foi a primeira colocada, mas Musa e Zelada alteraram os critérios de contratação para que a empresa vencesse a concorrência.
Fonte: MSN Notícias