Filho de pai ausente e mãe “muito nervosa”, com quem não se dá, A. entrou para o tráfico por não aguentar a rotina de trabalho como servente de obra ou auxiliar de padaria. Não queria mais madrugar, carregar peso, se esforçar um mês inteiro por R$ 700. “Vendendo droga, cheguei a tirar R$ 1 mil por dia. É uma tentação. Mas não quero mais, posso acabar aqui de novo. Vou conservar minha liberdade, cuidar do meu filho, de 9 meses, tentar trabalhar com gastronomia”, planejava o rapaz de 17 anos na segunda-feira, prestes a ser liberado do Educandário Santo Expedito, em Bangu, zona oeste.
Na quarta internação em unidade do Departamento Geral de Ações Socioeducativas (Degase), A. foi beneficiado pelo novo sistema de reavaliações de processos, em vigor desde abril. Em vez de só analisar pareceres do Degase, elaborados por psicólogo, pedagogo e assistente social, que indicam se o jovem precisa cumprir a chamada medida socioeducativa por mais tempo, a Justiça tem ido às unidades entrevistar internos e responsáveis.
A novidade desagradou ao Ministério Público (MP), responsável pela análise prévia dos processos, pois a maior parte dos infratores analisados em abril recebeu progressão de regime ou extinção da pena, incluindo autores de crimes graves. Como exemplos, o do rapaz de 14 anos internado havia dois pelo estupro da bisavó, acamada, em surto provocado por drogas e álcool; e o do jovem que matou a namorada grávida, de 14 anos, com ajuda de um amigo que lhe pagara R$ 40 (os dois poderiam ser o pai do bebê, daí a ação conjunta).
Fonte: MSN Notícias