O Ministério Público (MP) do Equador informou ontem (3) que está investigando mais de 20 funcionários e ex-agentes públicos, entre eles o vice-presidente do país Jorge Glas, por supostas irregularidades no contrato de 2012 para a exploração de um campo de petróleo na região amazônica. A informação é da Agência EFE.
O MP, com base em um relatório especial do tribunal de contas do Estado, assinalou em um comunicado que iniciou a investigação prévia por indícios de responsabilidade no contrato de prestação de serviços do chamado Bloco Singue.
O relatório do tribunal de contas se refere ao contrato assinado entre o Estado equatoriano, através da Secretaria de Hidrocarbonetos, e o Consórcio DGC, integrado pela companhia Dygoil Consultoría y Servicios Petroleros Cia. Ltda.
O MP acrescentou que iniciou a investigação prévia “com base nos indícios de responsabilidade penal”, envolvendo mais de 20 funcionários públicos e privados, alguns dos quais gozam do foro privilegiado e só podem ser processados pela Suprema Corte de Justiça.
A investigação também inclui o vice-presidente Glas, quando ele ocupava o cargo de ministro-coordenador de Setores Estratégicos durante o governo do ex-presidente Rafael Correa, que entregou o poder no dia 24 de maio para seu correligionário Lenín Moreno.
Apesar de ocupar a vice-presidência, Glas mantém uma dura queda de braço com Moreno, acusado de ter rachado ao movimento governista Aliança País (AP, de esquerda).
Em declarações a jornalistas, o vice-presidente disse que sua suposta vinculação com o caso investigado pelo MP se deu porque ele participou de uma “etapa pré-contratual”, antes da assinatura do convênio.
O vice-presidente afirmou que pediu ao ex-ministro de Hidrocarbonetos, Wilson Pastor, que também é investigado neste caso, que retorne ao país para apresentar as provas de sua inocência, que já haviam sido enviadas ao tribunal de contas e que agora deverão ser encaminhadas ao Ministério Público.
Suspensão de funções
Jorge Glas disse que continua a ser o vice-presidente do Equador, apesar de Moreno ter suspendido suas funções, após a disputa entre ambos e as críticas de Glas ao governo em uma carta que divulgou na quarta-feira.
“Ainda que tenham me retirado funções oficiais, continuo a ser o vice-presidente de todos os equatorianos. Continuarei trabalhando com os pobres da minha pátria”, disse Glas. O vice-presidente acrescentou que seguirá “lutando pela erradicação total da pobreza” e se queixou que sua situação atual se deve a “uma clara retaliação política” por agir conforme o que lhe diz sua consciência.
Glas afirmou que a suspensão nas suas funções ocorreu porque “sabiam que não podiam contar” com ele para acabar com leis decretadas no governo Correa, como de acréscimo contra a especulação da terra.
Poucas horas depois de o decreto de Moreno ser tornado público, o governante escreveu no Twitter: “A política é a arte de ajudar os demais. Vamos limpar a política no Equador!”.
Na entrevista coletiva, Glas respondeu. “Limpar a política, ele diz. Aí estão os frutos dos diálogos, a distribuição de empresas públicas”, afirmou, em referência à suposta concessão da administração de companhias estatais a políticos de oposição.
O vice-presidente reconheceu que lhe causou “dor” ter sido deslocado, entre outras atribuições, do Comitê para reestruturar as províncias de Manabí e Esmeraldas, afetadas em abril de 2016 por um terremoto de magnitude 7,8 que deixou mais de 670 mortos e graves perdas materiais.
Glas informou que teve negada a permissão para o uso do avião presidencial e responsabilizou Moreno e Eduardo Mangas, secretário do governante, por sua segurança e a de sua família.
Fonte: Agência Brasil