O Laboratório de Genética da Universidade Federal do Vale do São Francisco (Univasf) foi contemplado com um sequenciador de nova geração. O equipamento deve possibilitar avanços nas pesquisas científicas e o conhecimento sobre os microrganismos da nossa região para saúde humana, animal, vegetal e do meio ambiente.
O sequenciador custou mais de R$500 mil. O equipamento foi uma aquisição feita através do edital da Financiadora de Estudos e Projetos (Finep), do Ministério da Ciência, Tecnologia, Inovações e Comunicações. A Univasf concorreu com várias universidades do país e foi contemplada.
Antes, os pesquisadores mandavam os dados coletados para serem analisados em grandes centros do país. Com o novo equipamento, os professores e estudantes podem vivenciar todo o processo na Univasf.
A chegada do sequenciador à Univasf representa um passo a mais no trabalho realizado por toda equipe dos pesquisadores. “Na verdade começou em 2015 e agora que a gente conseguiu de fato receber o equipamento, uma coisa que não é fácil. E a gente sabe a situação que a ciência anda no país, mas a gente ainda está conseguindo fazer as coisas aqui no interior de Pernambuco e isso deixa a gente muito feliz”, explicou a doutora em Genética e Evolução/Univasf, Gisele Veneroni.
“É um equipamento que nos possibilita fazer o sequenciamento de genomas completos, como o genoma completo de uma bactéria, de um fungo utilizando esse equipamento. Além disso podemos sequenciar genomas completos de ambientes. A gente pega um pouquinho de água, extrai o DNA, joga aqui nesse equipamento e ele vai sequenciar todo genoma de tudo que está ali e ai depois a gente vai poder ter uma ideia da diversidade, por exemplo, dos organismos que habitam ali, quanto a gente de cada organismo. Então, nos permite fazer esse tipo de análise ecológica. Além disso, podemos fazer análise de interesse humano veterinário. Nós podemos sequenciar genomas completos de microorganismos, de amostra de intestino, seja de animal, seja de humano. Seja de um microorganismo isolado ou habitando um ambiente, seja de um rio ou seja de um corpo animal ou humano”, esclareceu Veneroni.
Este é grande passo para os pesquisadores e também para os estudantes que estão em formação. “Esse equipamento representa muita coisa. Se eu não me engano, ele é o único em funcionamento no interior do Nordeste. Antigamente a gente tinha que pegar para esse tipo de pesquisa, pegar amostra e mandar para São Paulo e esperar até um mês para poder ter o resultado. Com esse equipamento a gente vai ter maior agilidade nas pesquisas e além disso, vai conseguir formar melhor os alunos”, disse Veneroni.
O novo equipamento do laboratório vai refletir diretamente nos resultados das pesquisas realizadas no campo. No Aprisco, por exemplo, onde as estudantes Lays Santos e Isabelle Pires estão desenvolvendo um trabalho com as cabras leiteiras para comparar o uso de antibióticos convencionais com os naturais, no tratamento da mastite, que é a inflamação da glândula mamária durante a produção de leite, o sequenciador vai fazer toda diferença.
“No nosso trabalho a gente vai avaliar a dinâmica da atividade bacteriana dessas glândulas desses animais, o que vai ser uma inovação tecnológica tanto para pequeno quanto para grandes produtores de leite”, destacou a médica veterinária e doutoranda em Ciências Veterinárias no Semiárido, Isabelle Pires.
“Nós vamos acompanhar desde a coleta até o sequenciamento propriamente dito. Então, a partir de agora, conhecer essa diversidade da comunidade bacteriana que existe nas glândulas mamárias dos animais”, disse a zootecnista e doutoranda em Ciência Animal, Lays Santos.
Para o médico veterinário e doutor em Biologia Celular e Molecular, Mateus Matiuzzi, que coordena as pesquisas, o novo equipamento vem para assegurar ainda mais o uso dos produtos naturais encontrados no bioma Caatinga. “A pesquisa da gente trabalha muito com uso de substitutos de antibióticos convencionais. A Caatinga é um bioma muito rico, as plantas daqui elas produzem uma série de substâncias potencial para estudo de novas drogas para tratamento”.
Além de avançar nas pesquisas locais, a ideia é ampliar o raio de trabalho e estudar os recursos naturais de biomas de outras regiões. “Estamos pesquisando vários outros compostos e temos parcerias com outros pesquisadores de outras regiões do país para gente testar substâncias que sejam interessantes em substituição aos antibióticos convencionais, que hoje a gente tem uma certa resistência”, relatou Matiuzzi
Fonte: G1 Petrolina