A força-tarefa da Operação Lava Jato em Curitiba apresentou denúncia ontem contra Armando Tripodi, ex-chefe de gabinete da Presidência da Petrobrás, por corrupção e lavagem de dinheiro envolvendo contratos do Grupo Keppel Fels com a estatal. É a segunda denúncia contra Tripodi na Lava Jato, que também é acusado de suposto desvio de recursos envolvendo a construção da Torre Pituba, sede da Petrobrás em Salvador, alvo da 56ª fase da operação, a ‘Sem Limites’.
No caso da Keppel Fels, o Ministério Público Federal alega que o representante do grupo, Zwi Skornicki, procurou Tripodi para obter vantagem em licitações e contratos com a Petrobrás. Em troca, a empresa teria pagado propina ao então assessor do presidente da estatal. A propina ficou estipulada em R$ 90 mil e foi dissimulada por meio de aparelhagem de som e serviço de automação para a residência de Tripodi. O caso ocorreu em 2011. À época, Tripodi afirmou a Skornicki que estava montando um apartamento no bairro de Laranjeiras, no Rio de Janeiro, e iniciou conversas a respeito da construção e mobília do imóvel em paralelo a discussões sobre a visita do então presidente da Petrobrás, Sérgio Gabrielli, à Singapura, onde tem sede a Keppel Fels.
“Como contrapartida ao pagamento da vantagem indevida, ARMANDO TRIPODI conferia maior facilidade para a realização de visitas e encontros entre os altos empresários da Keppel em Singapura e o Presidente da Petrobras SERGIO GABRIELLI”, aponta a Lava Jato. O grupo celebrou diversos contratos com a Petrobrás relativos a plataformas e afretamento de seis sondas.
Para disfarçar a propina, os denunciados ocultaram a movimentação de R$ 16 mil pagos para a compra dos equipamentos em duas parcelas de R$ 6,4 mil e mais uma de R$ 3,2 mil, quitados por Skornicki a uma empresa de automação de imóveis para instalar equipamentos diretamente na residência de Tripodi.
De acordo com nota emitida pela empresa e encaminhado a Skornicki, além da compra dos produtos, foram gastos outros R$ 74 mil para a instalação dos aparelhos audiovisuais, da iluminação e da automação do apartamento. Ao todo, a reforma teria custado R$ 90 mil. A procuradoria baseia as acusações em troca de e-mails entre Skornicki e a empresa de tecnologia responsável pela reforma. O assunto tratado era sempre ‘serviços Armando Tripodi’ e envolviam o orçamento, execução e pagamento das obras.
O Estado de S.Paulo