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“Uma história simples sim, corriqueira nem tanto, mas galgada na determinação de uma mulher corajosa, de gestos simples, mas fidalgos; enérgica e divertida por vezes… Que atravessou o mundo em busca de um objetivo único, a UNIÃO DA FAMÍLIA”. Dessas palavras sutis e profundas, a nora Suely Khoury, esposa do primogênito Jorge Khoury, fez trecho da apresentação do Livro, lançado na noite de comemoração dos 90 anos de D. Léa Khoury.
Numa noite de requinte e sem ostentações, onde, propositadamente foram prevalecidos o charmoso e o singelo (para fazer jus à história corajosa de uma família imigrante do pós-guerra), os Khoury Hedaye receberam, na última quinta-feira (01/11/12), no espaço Casa Di Lino em Juazeiro, familiares e amigos, numa recepção calorosa, que reuniu grande parte da sociedade Juazeirense e Sanfranciscana, para celebrar os 90 anos da matriarca Tia Léa Khoury , como ficou mais conhecida. Uma mulher que ganhou notoriedade, pela sua suavidade no trato com as pessoas e bravura na luta pela igualdade social e em especial, pela inclusão dos portadores de necessidades especiais (destaque para a APAE e as Voluntárias Sociais, que fundou em Juazeiro).
A festa, que foi assinada pelo Buffet O Jardim e fotos de Rafael Benevides, teve consultoria da nora Flor Khoury e primou pelo bom gosto e detalhes. Logo na entrada, uma mesa expunha fotos de toda a família e exemplares do livro, que conta a saga dos Khoury Hedaye – do Oriente Médio ao Brasil. Um memorial também foi montado, formando toda a árvore genealógica da família. “Uma noite primorosa, um encontro jamais visto”, salientaram os presentes.
História de Luta
No Pós-Guerra, numa região de conflitos até hoje como é o Oriente Médio, que naquela época sair do País era como abandonar a Pátria, Dona Léa e Sr. Shefik conseguiram chegar a Juazeiro BA, há 64 anos, ela já grávida do primogênito Jorge. Uma viagem de aventuras, em busca da harmonia e da paz em família. Eles saíram de Alexandretta, então Colônia Francesa, que fazia divisa com a Turquia e era banhada pelo Mediterrâneo. Passaram pela Síria, Líbano, Itália e Portugal até chegar ao Brasil por Recife, enfim Petrolina, de onde atravessaram de barco para Juazeiro, na mesma noite. Uma “fuga” movida pelo amor e pela vontade de unir uma família. No livro, prospectado por Suely Khoury e narrado na primeira pessoa, D. Léa conta detalhes jamais revelados de sua história e de seus sentimentos, sempre carregados de muita entrega, amor e fé.
“Quando cheguei ao Brasil tinha apenas 26 anos de idade. Desembarquei com uma mala… Uma não, muitas! Malas de saudades, coragem, esperança, fé e vários bens. Na minha barriga, o maior deles, meu filho Jorge, o que me dava muita coragem… Quanta sabedoria de Shefik, em cada gesto me nutrindo, amparando e cuidando da minha alma. Sua voz doce e sonora dando sentido ao caos que me rodeava, fazendo enxergar os pequenos milagres… Hoje as malas já lacradas, aqui estou com os meus 90 anos de vida, realizada e agradecida a Juazeiro, essa cidade e sua gente, que tão bem nos acolheu” (Léa Khoury)
Fotos: Stúdio Rafael Benevides e Arquivo Família