O problema, segundo a União Nordestina dos Produtores de Cana, é a topografia da região, que deve inviabilizar as novas práticas sugeridas. A dificuldade será enfrentar o que já está decidido. As queimadas na colheita da cana de açúcar nordestina estão com os dias contados. O que falta é a data que será definida pela legislação federal.
Os representantes da associação de classe prevê, no entanto, que em função das condições naturais da região e da limitação tecnológica, a lei promoverá significativo desemprego e queda produtiva, ampliando prejuízos econômico e social. A tese será defendida pela União Nordestina dos Produtores de Cana (Unida), junto ao Supremo Tribunal Federal (STF).
Atualmente, a mecanização da colheita é capaz de substituir a prática manual que necessita da queima da palha da cana. Entretanto, o corte da cana crua ainda não é uma realidade eficaz para a região devido a topografia acidentada. Apenas 39% das terras dos canaviais podem ser colhidos por máquinas. “Não temos tecnologia capaz de realizar o corte na maior parte das áreas. É preciso um grande investimento financeiro, o que é inviável para os 22 mil pequenos e médios produtores de cana nordestinos”, conta Alexandre Andrade Lima, presidente da Unida.
A previsão, segundo a Unida, é de que com a nova lei os pequenos e médios produtores ficarão impedidos de continuar a atividade. A situação implicará na extinção de 218 mil postos de trabalho. A produção regional é substancialmente em regime de econômica familiar. Dos 24 mil fornecedores nordestinos, 22 mil produzem apenas até mil toneladas. “A lei provocará uma reforma agrária às avessas”, diz Lima, lembrando que o agricultor será obrigado a vender suas terras improdutivas ao grande produtor.